A quase 300 quilômetros de Campo Grande, as cidades de Bonito e Jardim repousam sobre um mundo subterrâneo de águas que se infiltram por fraturas de rochas e retornam à superfície em forma de nascentes e rios perenes.
Mas se o Centro-Oeste brasileiro não tem o privilégio de ter praias bem na porta de casa, o Mato Grosso do Sul fez de seus rios de águas, exageradamente, claras sua atração mais famosa.
Por isso, prepare-se para rios cristalinos que serpenteiam áreas protegidas, mergulhos em alta visibilidade e até uma lagoa que a gente nem sabe onde vai dar.
Por que as águas de Bonito são tão lindas?
Localizado na Serra da Bodoquena, Bonito é uma das capitais nacionais do ecoturismo e conta com cerca de 32 modalidades diferentes de atividades turísticas em mais de 40 atrações oficiais. Mas o que mais impressiona por ali é a transparência de suas águas.
É que a região fica entre rochas calcárias de 550 a 600 milhões de anos que garantem uma cristalinidade à água, "vista em poucos lugares do mundo", assim como compara o biólogo Thyago Sabino.
O calcário é o responsável pela sedimentação das impurezas presentes nos rios da região, funcionando como uma espécie de filtro natural daquelas águas que seguem por corredores subterrâneos.
"É um lugar extremamente privilegiado, biologicamente, falando. O Planalto da Bodoquena faz a divisa para a Planície do Pantanal, então a gente recebe também influência desse bioma. Isso gera um potencial de diversidade biológica incrível", descreve Thyago.
O único inconveniente para quem vem de fora é a água mais alcalina da região, o que significa passar alguns dias com a sensação de pele gordurosa.
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O que fazer em Bonito
Lagoa Misteriosa
Sem dúvida, é um dos atrativos mais impactantes da região, no município de Jardim, onde dá para fazer não só flutuação, mas também mergulhar com cilindro.
Segundo a SBE (Sociedade Brasileira de Espeleologia), a Lagoa Misteriosa (a partir de R$ 232 / @lagoamisteriosa) é "a sétima caverna mais profunda" do Brasil e tem acesso por uma dolina de 75 metros de profundidade.
Com profundidade ainda desconhecida (até onde se conseguiu chegar, são 220 metros), essa lagoa de imensidão abismal abriga imensos paredões verticais e áreas, naturalmente, bem iluminadas.
Recentemente, o local recebeu do ICMBIO (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade) o título de RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural), o que significa que os proprietários do Grupo Rio da Prata passam a assumir compromisso legal de preservação da área em seu estado natural, impedindo atividades degradantes como a exploração predatória, desmatamento e poluição.
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Flutuação
Os rios de Bonito são conhecidos também por suas águas transparentes, perfeitas para flutuações, atividade em que o visitante segue a correnteza, equipado com colete, máscara e snorkel.
O mais famoso é o da Nascente Sucuri (a partir de R$ 282 / @riosucuri), uma fazenda com mais de oito mil hectares, onde é possível flutuar por 1.800 metros do rio Sucuri, considerado o "mais cristalino do Brasil".
Outras opções são a Nascente Azul (a partir de R$ 290 / @nascenteazul), programa que também inclui trilha, visita à uma nascente e flutuação no Rio Nascente Azul, e o Recanto Ecológico Rio da Prata (a partir de R$ 360 / @recantoecologicoriodaprata), em uma fazenda de Jardim, município a 53 quilômetros de Bonito).
ABISMO ANHUMAS
Essa caverna alagada, a 23 quilômetros do centro de Bonito, tem acesso obrigatório por um rapel negativo (quando não se colocam os pés em nenhum local de apoio) de 69 metros de altura, o equivalente a um edifício de 26 andares.
O Abismo Anhumas (a partir de R$ 1.120 / @abismoanhumas) é considerado uma das maiores cavernas submersas do Brasil e oferece atividades como passeio de bote, flutuação e mergulho com cilindro.
A ideia parece aterrorizante, mas o atrativo conta com um sistema elétrico que, em poucos minutos, transporta visitantes a partir de cinco anos e com total segurança até o lago interior do abismo.