“Você faz trabalho?” Me perguntam com alguma frequência. O “trabalho” em questão é magicismo baixo, negativo; vulgarmente chamado de “amarração”. “Trabalhar, trabalho bastante – no sentido de dedicar meus dias e energias para algo construtivo. Fazer trabalhos, não! Aliás, eles são ridiculamente fracos diante do poder de Deus”.
No meio século (meio século!) de vivência esotérica que acumulei, nunca deixei de ser flagelada por esse expediente baixo: uma espiritualidade impiedosa, mortificadora, execradora, depreciadora, cheia de ódio e pronta para degradar a vida.
Claro, Deus está acima. Contudo, o homem – principalmente os afastados de certos merecimentos – se perde frequentemente no desafio dos vícios, no caducamento das virtudes, na pobreza moral que precisam ser corrigidos para o bem da evolução espiritual.
Quanto tempo ainda, pergunto, para o homem evitar qualquer coisa que não seja uma espiritualidade que celebre apenas as forças cósmicas de redenção. Do lado de lá, sem descanso ou trégua, mercadores de quimeras pedem e justificam punição, dominação, servidão, escravidão.
Querem indicar eles, gente maldosa, a direção e a justiça. Como assim? Para que? Ninguém precisa que o caminho seja-lhe imposto. Não basta a existência? Ninguém precisa que outro reclame autoridade superior em seu lugar. A lei dos homens contra a lei de Deus?
Infelizmente há muita falsa sendo aproveitada para legitimar Impérios sobre as almas. Um diz: “Deus está aqui comigo”. Outro rebate: “Não, com você não, comigo”. Besteira. Deus está por toda parte, mas em nenhum lugar em especial; está em si mesmo, mas também em qualquer canto; realiza tudo nele e em todos; cada momento do real coincide com ele.
Em todas as coisas, Deus atravessa as corrupções para desaguar na eternidade. Pois tudo morre, mas renasce; desaparece em sua compleição, mas reaparece em outra configuração, outra disposição.
Viver é, infalivelmente, viver em Deus. Impossível escapar disso. O espiritual nasce dessa verdade e, sempre imbuído desse entendimento vive reconciliado (e reconciliando) consigo mesmo, com os outros e com o mundo – pois o que ele é, o que ele faz, isso é Deus.
Essa visão de mundo leva à superação de qualquer misticismo inferior e vulgar. Fumaça sem fogo, de pouca força e alcance quando se percebe que para estar em Deus, basta estar no mundo.
As potências más, invejosas e coléricas são, na verdade, metáforas da ignorância, caminhos do não-saber. O conhecimento da verdade – que afasta o medo, a tristeza e o sofrimento – conjura a ser e viver em tranquilidade, com Deus. E quem pode com Ele? Fonte perene de salvação, merecimento e bem-aventurança.
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