Como estruturar para ter um negócio nas periferias?

Moradores driblam o desemprego empreendendo e geram economia nas favelas

6 mai 2022 - 05h00
(atualizado em 8/6/2022 às 19h08)
54% do total de moradores das favelas do Rio de Janeiro perderam o emprego durante a pandemia, segundo pesquisa do coletivo Movimentos com apoio do CESeC
54% do total de moradores das favelas do Rio de Janeiro perderam o emprego durante a pandemia, segundo pesquisa do coletivo Movimentos com apoio do CESeC
Foto: Divulgação

A crescente onda de desemprego no Brasil atingiu a população de maneira geral, mas a situação é ainda mais caótica quando falamos das favelas. A pesquisa Coronavírus nas Favelas: A Desigualdade e o Racismo sem Máscaras, realizada no ano passado pelo coletivo Movimentos, com apoio do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), constatou que apenas 26% dos moradores das favelas do Rio de Janeiro possuem emprego com carteira assinada. Os dados se tornam ainda mais alarmantes quando nos deparamos com 54% do total de moradores que perderam o emprego durante a pandemia.

Em um cenário como esse, empreender passa a ser mais do que uma simples opção, torna-se a grande oportunidade de mudar de vida para muitas pessoas. E é exatamente esse o movimento que tem acontecido. Em nível nacional, quatro em cada 10 moradores de favelas têm negócio próprio, revelou pesquisa recente realizada pelo Data Favela.

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Dada a imensa concorrência, é importante estruturar bem uma estratégia de negócios quando se decide empreender. Maria Luzia, contadora na Lumar Assessoria Contábil e parceira da ANF, assegura que o primeiro passo a ser seguido por alguém que decide empreender é estruturar bem o projeto e procurar um contador para abertura de uma empresa. “É imprescindível pesquisar o mercado, conhecer bem o seu potencial e o seu negócio. Procure um contador de confiança, sempre peça referências a ele”, explica.

A ideia inicial do projeto deve ser focada em atender a uma necessidade de produtos ou serviços que estejam em falta na comunidade. Isso pode se dar criando ou adaptando uma solução que já existe. É importante também fazer algo que se goste ou conheça bem, pois a familiaridade com o trabalho irá tornar tudo mais leve e produtivo. Obviamente, sempre levando em consideração as demandas do mercado local.

Quando o ramo em que se irá empreender estiver definido, chegará então o momento de pensar no que é necessário para efetivamente começar. É essencial se perguntar: Quais itens são imprescindíveis para o andamento do seu negócio? Será necessária uma estrutura física? Haverá uma loja virtual? Como serão feitas as cobranças? Precisarei abrir um MEI?

MEI, ou Microempreendedor Individual, é a categoria em que se encaixa um profissional autônomo. Esse tipo de formalização é uma das especialidades de Maria Luzia, que informa: "o processo é simples, mas é necessário auxílio de um profissional para ajustar as atividades com os códigos corretos perante os órgãos governamentais.”

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Dentre os benefícios em se abrir um MEI, Maria destaca: “os benefícios são inúmeros, vão desde a formalização para participar em licitações, financiamento com melhores taxas junto aos bancos, até direitos assegurados junto ao INSS, como salário maternidade, auxílio doença e outros com base de um salário mínimo.”

Maria ressalta ainda a importância do estudo para um empreendedor. “Qualquer que seja a área, estude, faça cursos e se aprimore constantemente. Hoje temos a facilidade de cursos on-line, sendo muitos deles gratuitos. Tenha disciplina, respeito ao cliente e amor à profissão”, finaliza.

Neste sentido, estão abertas as inscrições para a segunda edição do Favela Inova. O programa é voltado para jovens entre 18 e 29 anos, moradores de comunidades e bairros periféricos da cidade do Rio de Janeiro.

O projeto é direcionado para pessoas que tenham uma proposta de negócio, ideia de projeto ou já estejam num estado mais avançado de estruturação da empresa/proposta.

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Diego Braga, porta-voz do Favela Inova
Foto: Pólen

Focado no empreendedorismo e inovação, o Favela Inova é uma parceria entre a Secretaria de Juventude do Rio e a UNISUAM, que por meio do Pólen, irá premiar com bolsas integrais os ganhadores do programa.

Ana Carolina, CEO da Circuito Kids, comentou sobre a experiência de participar da primeira edição do projeto. “Participar da primeira edição do Favela Inova me proporcionou uma experiência única, não só pelo conteúdo oferecido, mas também pela valorização de startups que se originaram nas comunidades da cidade. Como fundadora do Circuito Kids, posso afirmar que o Favela Inova trouxe uma outra visão sobre empreendedorismo, é um prazer fazer parte do ecossistema do Pólen.”

As inscrições para a segunda edição do Favela Inova se encerram no dia 20 de maio. O edital e o link para inscrição estão disponíveis no site da instituição.

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