Aulas gratuitas e acompanhamento com especialistas em 12 bairros de Salvador mostram que não basta ter vontade para empreender. É preciso adquirir o mínimo de conhecimento para planejar e não se decepcionar, perdendo tempo, dinheiro, trabalho e entusiasmo. Cursos contribuem para alavancar vendas, formalizar iniciativas e tirar ideias do papel. Conheça três histórias baianas.
Morador do bairro Castelo Branco, periferia de Salvador (BA), Rodrigo Morais começou a empreender por necessidade, devido à dificuldade em encontrar emprego formal. Ele se via simplesmente como um autônomo que atuava no comércio, até aprender que poderia formalizar seu negócio e aprimorar a administração.
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Foi assim que passou do “rapaz que vende água” para o gestor da empresa Point da Água. Abriu CNPJ, criou logotipo, investiu na comunicação em redes sociais e no marketing.
“Agora estou mais conhecido aqui na minha área, sou referência no meu produto e serviço e já abri a segunda unidade da minha distribuidora”, conta.
Essa reviravolta positiva aconteceu porque Rodrigo Morais passou pela formação do projeto Brasil Mais Empreendedor, com aulas gratuitas e acompanhamento com especialistas, realizado em doze bairros de Salvador.
Geovane nasceu para os negócios
Além do vendedor de água que se profissionalizou e cresceu, Carlos Geovane, do bairro de Itacaranha, no subúrbio de Salvador, realizou o sonho de empreender, que alimentava desde criança, quando suas habilidades de negociar eram evidentes.
“Com oito anos eu pegava bala e doce de aniversário para vender e dobrava a estimativa do valor”. Após a formação, ele se sentiu seguro para abrir o primeiro negócio, a Toque Único, empresa especializada em pintura com efeito mármore.
“Eu tinha um dinheiro guardado para investir, mas não sabia por onde começar. As aulas e consultorias foram determinantes para eu poder ter uma direção. Estou muito feliz de tirar uma ideia do papel e ver meu negócio concretizado”, relata.
Filhas inspiram mãe solo
Gislaine Silva participou da formação da primeira turma no bairro Cabula. Apesar de ter um negócio estruturado há alguns anos, havia muitas pendências na administração da sua microempresa.
Dona da loja de fantasias e acessórios infantis Mel e Mar, a soteropolitana é mãe solo das gêmeas Melissa e Marcele – inspiração para o nome da loja. "O curso foi um divisor de águas. São aspectos que achamos que sabemos ou que não têm necessidade, e eu percebi que não sabia”, admite.
Ela aprendeu “muito mais do que esperava”, como questões de precificação, marketing digital, mentorias que trouxeram um novo olhar para o negócio, “novas ideias e coisas que eu ainda não havia pensado”, relata a empreendedora.
Circulando pela periferia da capital baiana
“São histórias de pessoas que estavam desacreditadas, mas começaram a se organizar, fazer mudanças e mensurar os resultados. Antes eles não sabiam nem quanto faturavam, não sabiam a diferença entre faturamento e lucro”, diz Juliana Fortunando, coordenadora de projetos da Associação de Jovens Empreendedores da Bahia, que acompanhou as turmas.
“Eles começam a ter esse conhecimento e, uma vez que aplicam, conseguem gerir muito melhor o negócio e ter melhores resultados”, diz ela.
O projeto passou pelos bairros Doron, Santa Cruz, Periperi, Garcia, Castelo Branco, Itapuã, Pirajá, Uruguai, São Marcos, Cosme de Farias, Praia Grande e Itacaranha, impactando mais de 300 empreendedores.
Ele é realizado pela Confederação Nacional de Jovens Empresários (Conaje) em parceria, por meio de termo de fomento, com a Secretaria da Micro e Pequena Empresa e Empreendedorismo, vinculada ao Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte (MEMP) e conta com a coordenação técnica da Associação de Jovens Empreendedores da Bahia (Aje-Ba).