O rapper e apresentador Emicida se emocionou ao falar da mãe, dona Jacira que trabalhou como empregada doméstica durante a sua infância. Na última segunda-feira foi ao ar o "Papo de Segunda", no canal GNT, que recebeu como convidada a atriz Dira Paes.
No centro da discussão, um debate sobre a "escravidão contemporânea", tema que integra o filme "Pureza", em do diretor Renato Barbieri, e que é o último trabalho no cinema da atriz.
Durante a conversa, ele lembrou da batalha da mãe no trabalho e que muitas vezes, durante a infância, ele teve de acompanhá-la, já que não tinha outra pessoa com quem ficar.
"Minha mãe foi empregada doméstica durante anos. Em algumas casas, os patrões dela eram mais legais, vamos dizer assim, e eu podia circular pela casa. Mas teve um período em que ela não tinha com quem me deixar e me levava para o trabalho dela. E outros patrões não eram tão legais assim. Então eles não permitiam que a gente circulasse pela casa e eu ficava trancado em um quartinho durante muito tempo", relembra.
Segundo Emicida, muitos desses locais não tinham sequer ventilação. Eram os famigerados "quartinhos de empregada"
"Vários deles não tinham janela, ventilação nenhuma, era uma parede com umiidade que virava mofo", diz ele. Outra realidade que marcou o então menino era que a mãe não ão podia comer na mesma mesa que as pessoas, usar os mesmos talheres, os mesmos pratos.
"A gente tinha de se alimentar no intervalo em que essas pessoas se alimentavam e nem podia ser a mesma comida, saca. Tudo isso é resquício desse período tenebroso", completa.