Moradores de favelas encontram no empreendedorismo saída para transformar dificuldades em oportunidade. A busca por alternativas rentáveis leva muitas pessoas a buscarem o negócio próprio, entretanto, a falta de recursos para investir e o pouco apoio do governo dificulta esse movimento quando o empreendedor é um morador de favela.
O alto índice de desemprego no país atinge com mais força os moradores das comunidades. Isso ocorre porque muitos exercem funções consideradas dispensáveis ou de fácil substituição quando a crise econômica afeta empregadores.
Além do desemprego, um problema que é facilmente encontrado nas periferias é a frustração com empregos mal remunerados, que, muitas vezes, impede o investimento em cursos que poderiam alavancar a carreira e trazer melhores oportunidades de trabalho.
Diego Dias, 31 anos, é morador do Quitungo, favela carioca. Ele conta que se apaixonou pelo design ainda muito cedo e buscou se especializar na área. Financiado pelo Fies (Fundo de Financiamento Estudantil), Dias se formou em desenho industrial. Após experiências de trabalho frustrantes, percebeu que teria mais oportunidades empreendendo. Foi nesse momento que se uniu a dois amigos de faculdade e então enfrentou a maior dificuldade e, ao mesmo tempo, a maior superação da sua vida: começar um negócio próprio sem nenhum tipo de aporte inicial ou auxílio financeiro.
“No início foi difícil, tínhamos uma jornada dupla em nossos trabalhos e o sonho de construir nosso negócio, até que conseguimos alguns clientes por indicação e fomos progredindo aos poucos. Nesse processo, cheio de erros e acertos, percebemos uma carência do mercado e nos especializamos com apresentações impactantes em um ramo no qual em cinco anos crescemos e alcançamos grandes clientes, tanto no Rio de Janeiro, quanto no resto do Brasil”, relembra Dias.
Outra grande dificuldade foi a aceitação de três jovens favelados no mercado. Ao conquistarem um escritório no centro financeiro do Rio de Janeiro, Dias e seus sócios precisaram provar, constantemente, que eram capacitados e que seus trabalhos eram tão bons quanto os de qualquer outro profissional residente em área nobre da cidade.
Hoje, uma das suas grandes motivações para continuar empreendendo é a possibilidade de manter viva em seus trabalhos a essência do lugar de onde veio, sendo útil para a sociedade com o conhecimento adquirido e servindo como referência para todos na comunidade onde vive até hoje, referência que ele mesmo não teve no início de sua vida profissional.