Caravana das Periferias chega a Recife e lança prêmio para comunidades de todo o país

O edital do Prêmio Periferia Viva foi lançado no último dia 18 de julho, em ação do Ministério das Cidades

2 ago 2023 - 10h14
Foto: Maduh Carvalho/ATME Foto

A segunda edição da Caravana das Periferias, evento do Ministério das Cidades, aconteceu em Recife no último dia 18 de julho. Agentes de mudança social, associações e coletivos se reuniram com autoridades do Governo Federal no Centro Comunitário da Paz (Compaz) Dom Helder Câmara, no bairro de Joana Bezerra, para dialogar sobre os desafios e soluções nas periferias pernambucanas.

A ação está sendo realizada através da Secretaria Nacional de Periferias (SNP) e tem como objetivo identificar as principais iniciativas desenvolvidas pelas comunidades para a criação de políticas públicas alinhadas com a realidade do Brasil pós-pandemia.

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O grande objetivo do evento era dar voz às comunidades periféricas pernambucanas e sua diversidade. Artistas locais se apresentaram no Palco Alô Comunidade, antes da abertura oficial. Na sequência, autoridades e ativistas estabeleceram um diálogo sobre as necessidades e os desejos das comunidades do Recife.

Todo o empenho do Governo Federal para percorrer o Brasil por meio da Caravana das Periferias tem como finalidade a criação de um mapa com as vulnerabilidades e potencialidades das comunidades do país. O mapeamento será a base para formular novas políticas públicas com foco nos territórios que mais precisam de investimentos.

Compondo o grupo de autoridades federais presentes no evento, o Ministro das Cidades reforçou que a Caravana das Periferias busca ouvir e conhecer com mais profundidade às necessidades e potências das comunidades: “Estamos aqui, acima de tudo, para ouvir. Muitas vezes, realizamos esses encontros e as pessoas vêm para acompanhar outros falarem, mas hoje é o dia de dar voz e saber o que a periferia pensa. Só vamos conseguir criar uma cultura, ideias e de fato políticas públicas, se entendermos o que as comunidades pensam”.

CARAVANA NO RECIFE

Para o Secretário Nacional das Periferias, Pernambuco foi escolhido como uma das paradas da Caravana por sua representatividade regional: “Foi desse Estado que saíram Paulo Freire e Dom Helder Câmara. Pernambuco inspirou várias políticas públicas criadas pelo Governo para a população mais vulnerável e Recife é uma cidade de muita proximidade com o povo, sempre manteve o diálogo com sua sociedade para combater as desigualdades”.

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Não só os moradores e coletivos da Ilha de Joana Bezerra participaram do encontro, também marcaram presença representantes de outras comunidades da Região Metropolitana do Recife. 

Foi o caso de Michelle Costa, cantora e agitadora cultural da comunidade do Bode, que abriu os trabalhos no palco Alô Comunidade, recepcionando o público antes da roda de conversa no palco principal. “Para uma artista independente, periférica, mulher e mãe solo conseguir acessar esses espaços é muito difícil, então quando a gente tem essa oportunidade, ficamos muito felizes", comemorou Michelle.  A artista trouxe, no repertório, os clássicos da música pernambucana, como também os sons que tocam no cotidiano da periferia. 

Já no palco principal, ativistas periféricos puderam apresentar às autoridades os principais entraves do cotidiano pernambucano, levando em consideração cinco principais eixos: Meio Ambiente, Cultura, Educação, Moradia e Comunicação.

Foto: Maduh Carvalho/ATME Foto

MEIO AMBIENTE

Para dar início ao diálogo, foram convidadas ao palco Ana Menezes, do Coletiva Cabras, e Camila Silva, do Green Peace Brasil, que falaram sobre meio ambiente. Na pauta, as ativistas abordaram a necessidade da adoção de políticas públicas antirracistas e do uso de novas tecnologias para adaptação dos espaços urbanos periféricos, evitando grandes calamidades públicas devido às chuvas.

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CULTURA

O eixo de diálogo cultural contou com a participação de Pedro Stilo, acelerador social da comunidade do Bode, e Jaqueline Soares, do G10 Favelas de Pernambuco. Para Jaqueline, a cultura é um importante motor de mudança nas comunidades e merece receber ainda mais investimentos. “Conseguir falar diretamente com representantes do governo e mostrar a cultura como potência de mudança nas periferias é uma oportunidade única para nós”, reforça a coordenadora de projetos do G10 Favelas.

EDUCAÇÃO

“Se tem alguém que entende de educação popular é a periferia”. Essa foi a frase escolhida por Isis Thayze, do MTST Pernambuco, para abrir a conversa sobre educação. Ela dividiu o palco com André Luiz, do Grupo Comunitário do Coque, e Josenilda Barbosa, do Coque Conecta. O trio ressaltou a importância da educação comunitária e apresentou as soluções desenvolvidas nas comunidades para evitar o abandono escolar durante a pandemia.

MORADIA

Para falar sobre moradia, foram convidados Jô Cavalcanti, do MTST de Pernambuco, e Marcelo Trindade, do coletivo Somos Todos Muribeca. Em suas falas, os representantes destacaram iniciativas para o combate do déficit habitacional e a importância de eventos como a Caravana, que trazem a periferia para o eixo desse debate.

COMUNICAÇÃO

A comunicação foi o eixo que fechou a rodada de diálogos. Leandra Arruda e Suelany Ribeiro, do Coletivo Tururu, reforçaram a importância da comunicação popular na era das fake news. “Políticas públicas que estimulem a comunicação popular ajudam a ecoar vozes que, muitas vezes, são silenciadas, e atuam como engrenagem para a conscientização sobre as fake news”, apontou Suelany.

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Foto: Maduh Carvalho/ATME Foto

PERIFERIA VIVA

Lançada no dia 12 de maio, em Belém, a Caravana Das Periferias ainda irá expandir a discussão para comunidades de São Paulo e Porto Alegre. Ao final do circuito, um encontro nacional das periferias será realizado em Brasília, com intercâmbio entre os participantes, atividades culturais e o programa Periferia Viva, novidade anunciada no Recife.

O Periferia Viva tem como objetivo garantir a participação popular na articulação de todas as políticas públicas do Estado voltadas para as periferias. 

A ação também contará com um prêmio para reconhecer as iniciativas periféricas que vêm garantindo o enfrentamento à desigualdade e a transformação dentro das comunidades. 

O programa vai contemplar e premiar ações periféricas em sete categorias:

  1. Planejamento urbano, gestão de risco e responsabilidade climática

  2. Soberania alimentar e nutricional

  3. Saúde integral e dignidade humana

  4. Economia solidária

  5. Acesso à justiça e combate às desigualdades

  6. Comunicação, inclusão digital e educação popular

  7. Cultura e Memória

A premiação acontecerá durante o Encontro Nacional das Periferias, em novembro. Nas redes sociais do Ministério das Cidades é possível acompanhar todos os detalhes do edital lançado em Recife, além das próximas edições da Caravana das Periferias, que passará por Porto Alegre e São Paulo.  

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