Coletivo LGBT+ faz ações sociais e curso de Libras em Itapevi

Comandado pelo ator Fábio Dias, Zé Maria começou com rodas de conversas sobre diversidade e políticas públicas na região oeste da Grande SP

14 set 2022 - 05h00
Fábio criou o coletivo Zé Maria em 2018
Fábio criou o coletivo Zé Maria em 2018
Foto: Arquivo pessoal

O monitor de educação Fábio Dias, 27, começou no teatro com 10 anos de idade. Hoje, além do trabalho como funcionário público, também é professor de teatro e fundador do Zé Maria, um coletivo voltado para pessoas LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transexuais, Queer, Intersexo, Assexuais e mais) de Itapevi, na Grande São Paulo. 

A ideia para a criação do grupo surgiu em 2018, após ele participar de uma roda de conversa no centro de São Paulo sobre pessoas transexuais. “Tinham duas mulheres trans e outras pessoas em volta discutindo o tema”, conta Fábio. Assim, ele se perguntou por que não existiam espaços iguais na cidade onde mora. 

Publicidade

Nessa época, o ator ensaiava aos sábados na escola estadual Celina de Barros Bairão, na Vila Doutor Cardoso, onde cursou o ensino médio. Conversando com uma professora, ela gostou da proposta de promover rodas de conversas e ofereceu um espaço na unidade para os encontros aos fins de semana. 

“Ela achou interessante e indagou que ali nunca teve nenhum projeto voltado para a comunidade LGBTQIA+”, conta. 

O coletivo promovia rodas de conversas sobre a comunidade LGBTQIA+
Foto: Arquivo pessoal

O primeiro encontro, já sob o nome “Zé Maria”, teve como tema a descoberta da sexualidade e como ele se assumiu gay para a família. Fábio levou comes e bebes, já que queria ter uma tarde toda de bate-papo, mas naquele sábado apareceram apenas duas pessoas. 

Mesmo assim, ele se sentiu realizado e já começou a planejar a segunda data. Procurou um local mais acessível, já que a escola ficava distante do centro e era numa subida íngreme, e conseguiu um espaço na sede da associação de moradores da cidade, no Alto do Jardim Vitápolis. 

Publicidade

A segunda roda de conversas do Zé Maria debateu as políticas públicas em Itapevi e reuniu 13 pessoas. A terceira data falou sobre diversidade e a quarta abordou o trabalho de mulheres produtoras – dessa vez, o encontro teve em torno de 20 pessoas. 

A partir de 2019, o coletivo parou com as rodas de conversas e passou a fazer eventos focados em causas sociais, como doação de sangue e arrecadação de alimentos na região. Para isso, contou com a participação de outros moradores e amigos. 

Numa dessas ações, o trabalho chegou até um pastor que entrou em contato com Fábio avisando que gostou da iniciativa e tinha inscrito o Zé Maria para o Troféu Diversidade 2020. A cerimônia ocorreu em São Paulo e o coletivo foi um dos vencedores. 

O trabalho do grupo conquistou o Troféu Diversidade em 2020
Foto: Arquivo pessoal

Libras na quebrada 

Um dos principais trabalhos realizados por Fábio com outras pessoas envolvidas no coletivo foi um curso de Libras (Língua Brasileira de Sinais) para moradores de periferias. O ator tem uma tia com deficiência auditiva e, como ele sabe falar Libras, pensou em ensinar para outras pessoas. 

Publicidade

Assim, foi criada uma apostila e um formulário para a inscrição no curso. Era cobrado o valor de R$ 15 mensais, no qual estava incluso o material, a alimentação em todas as aulas e a ajuda de custo para a professora/intérprete, que é amiga da família. 

A primeira turma teve 25 alunas, todas mulheres entre 16 e 60 anos, que se reuniam no salão da igreja Santa Paula, no bairro Chácara Vitápolis. Cada aula tinha duas horas de duração, totalizando dez encontros aos sábados. 

A segunda edição ocorreu em 2022 de forma online e formou cinco pessoas. Dessa vez, o coletivo venceu um edital da Lei Aldir Blanc e conseguiu o valor de R$ 4 mil para custear o curso. Para 2023, Fábio avalia ser preciso novamente conseguir um orçamento para continuar com o projeto. 

Para o futuro, ele deseja fazer uma cartilha com todas as principais personalidades da história da comunidade LGBTQIA+ no Brasil. Também está ensaiando para o musical “Tick Tick Boom”, que deve estrear em novembro em São Paulo. 

Publicidade
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações