Ela descobriu a paixão pelo surf aos seis anos; aos sete, dizia que queria competir; aos 11, começou a subir no pódio. Maya Reis fez os primeiros treinos com equipamento usado, começou a vencer competições e conseguiu o primeiro apoio formal.
Ela se inspira em atletas olímpicos como Tati Weston-Webb e Gabriel Medina, além de Tainá Hinckel, da praia vizinha, e Ítalo Ferreira, medalhista em Tóquio. Maya Reis, um talento de 11 anos que desponta na Praia do Rosa, em Imbituba (SC), projeta seu futuro no esporte enquanto assiste à Olimpíada de Paris.
Tainá Hinckel, uma grande inspiração, é da Guarda do Embaú, próxima à Imbituba, e também superou dificuldades financeiras para chegar aos Jogos Olímpicos. Ítalo Ferreira é outro atleta no qual Maya se inspira. Com ambos, em ocasiões diferentes, surfou, recebeu incentivo e tirou fotos.
O talento e a paixão pelo surf têm levado a atleta de 11 anos e a família a superarem barreiras. A garota se interessou pelo surf aos seis anos, aos sete falava em competir, aos oito começou a surfar e aos 11, já tem títulos.
Não é uma supercampeã, pode vir a ser. Por enquanto, é a história comum de um casal de brasileiros dignos que fazem o corre pela filha. O padrasto e a mãe tocavam uma pequena pizzaria.
Primeiras competições com prancha usada
Filha de Adriane Reis e criada desde cedo por Júlio Rodrigues, seu padrasto dedicado, Maya conta com o suporte do bicampeão nacional Messias Félix, que se tornou seu treinador.
“Nos primeiros campeonatos, ela usava uma prancha usada e muitas vezes surfava com um traje de neoprene velho, o que a fazia sofrer com nas águas frias", conta Adriane.
"Foi emocionante quando uma pessoa enviou um traje novo de borracha, garantindo que ela pudesse surfar com conforto e segurança”, lembra a mãe.
A pessoa era um empresário da Califórnia, que depois apadrinhou Maya. Ele havia visto uma foto dela competindo com roupa furada, que viralizou no Instagram, e resolveu ajudar.
As competições dentro do estado, especialmente o Surf Talentos, e outros fora de Santa Catarina, exigiam viagens e investimentos significativos. "Usamos todo o lucro da pizzaria e contamos com doações para que Maya pudesse competir", explica Adriane.
Proporcionar à filha o que outras atletas têm
"Foi um esforço conjunto, muitas vezes fazendo sacrifícios pessoais para apoiar o sonho dela". No ano passado, Maya tinha o objetivo de se classificar para o Campeonato Brasileiro Amador, uma meta desafiadora considerando as dificuldades financeiras da família.
"Mesmo enfrentando contratempos, como o fechamento temporário da pizzaria após um acidente do Júlio, nunca desistimos”. Conseguiram apoios locais e um apoiador, a Ursofrango, marca de vestuário streetwear que atua como gestora de jovens atletas, investindo todo o lucro no desenvolvimento das promessas esportivas.
Com 11 anos, Maya Reis conquistou o 5º lugar na primeira etapa do Brasileiro Amador e o 3º lugar no Catarinense. “Ela treina incansavelmente, consciente do esforço que a família faz para apoiá-la", diz a mãe. “Nosso sonho é proporcionar a ela as mesmas oportunidades que outras atletas têm”.