Antes do clássico entre Santa Cruz e Sport, pelo Campeonato Pernambucano, um homem foi brutalmente espancado e estuprado durante um confronto entre torcidas organizadas. Conseguiram ser piores do que as facções criminosas.
Para se ter uma ideia da selvageria cometida contra o torcedor em Recife, no clássico entre Sport e Santa Cruz, estupros são proibidos há pelo menos 30 anos nas cadeias dominadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).
Conforme estabelece o artigo oitavo do estatuto da facção, “o Partido não admite que haja: assalto, estupro e extorsão dentro do Sistema” – que são as cadeias. Violências sexuais eram comuns antes da ascensão do PCC.
Entre muitos casos anônimos e públicos, é conhecida a história escritor periférico Luiz Alberto Mendes. Condenado por outros crimes, foi inocentado por legítima defesa porque assassinou um estuprador na cela.
“Tinha muito isso na antiga. Hoje, na maioria das cadeias de São Paulo, não tem em hipótese alguma. Isso não existe mais, é uma coisa inadmissível”, conta um ex-detento que cumpriu mais de 12 anos de pena em diversas cadeias, solto recentemente.
“Em São Paulo, o cara fazer isso numa torcida, vai ser localizado e vai ser cobrado, pode ter certeza. É inadmissível, na cadeia e na rua. Mas pra cobrar, jamais vão fazer a mesma coisa, é antiético no Comando e no crime em si. É cobrado com a vida”, explica o entrevistado.
O estupro é uma das situações mais delicadas nos presídios. Mesmo antes da ascensão do PCC, autores de crimes sexuais ficavam separados. Misturado aos outros presos, certamente seriam mortos.
Dependendo de onde serão presos os envolvidos no estupro em Recife, o risco de vida é alto, sem excluir as ruas, onde a cobrança das facções também acontece.