Internos da Fundação Casa disputam 'Copa do Mundo' em SP

Dez equipes, incluindo uma do Distrito Federal, participaram do torneio que reuniu 150 adolescentes com o sonho de ser campeão

29 out 2022 - 05h00
(atualizado em 31/10/2022 às 15h07)
Internos da Fundação Casa em partida de futebol
Internos da Fundação Casa em partida de futebol
Foto: Divulgação/Fundação Casa

Na última quinta-feira (27), aconteceu a final da I Copa do Mundo de Futebol da Fundação Casa. O evento, que contou com a participação de 10 times -incluindo um do Distrito Federal - e 150 adolescentes, foi uma iniciativa organizada pela Gerência de Educação Física e Esporte (Gefesp) da instituição. Desde o dia 25 de outubro, os jovens que cumprem medida socioeducativa jogaram em campos de grama natural e sintética da capital paulista, como o Estádio Doutor Osvaldo Teixeira Duarte, o Canindé, Arena CS Benfica, na Vila Maria e Clube Espéria.

Embora a I Copa do Mundo de Futebol da Fundação Casa tenha sido inédita, o uso do esporte como ferramenta de inclusão não é uma novidade para a instituição. Isso porque, anualmente diversos campeonatos internos de diferentes modalidades, como o futebol, são realizados. Dessa maneira, os campeões regionais da 17ª edição da Copa Casa de Futebol, realizada no primeiro semestre de 2022, foram os times que disputaram o torneio da última semana.

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“Eu sou um esportista, acho o esporte muito importante e traz disciplina, união, ensina as pessoas a terem determinação, mas principalmente, ensina as pessoas a perder. O esporte sem dúvidas nenhuma é um mecanismo fundamental para trazer inclusão, responsabilidade e para preparar esses jovens ao retorno à sociedade”, destacou Fernando José da Costa, secretário da pasta Justiça e Cidadania e, também, presidente da Fundação Casa.

Secretário Fernando José da Costa, de Justiça e Cidadania de SP, entregando troféu ao vencedor
Foto: Divulgação/Fundação Casa

Em alusão à Copa do Mundo da Fifa 2022, que acontece em novembro, no Catar, as dez equipes que representaram os centros, no torneio da fundação que detém o maior sistema socieoeducativo em regime fechado do Brasil, vestiram uniformes de seleções como Brasil, Alemanha, França, Portugal, Holanda, México, Croácia, Uruguai, Argentina e Espanha. Além disso, o campeonato contou com o apoio da Federação Paulista de Futebol que forneceu bolas, bandeiras e o time de árbitros.

Das 116 unidades do estado, os participantes foram: a Casa Santo André II, de Santo André, vencedor da edição 2022 da Copa Casa e representando o Brasil; Casa Nova Vida (Espanha), do Complexo da Vila Maria, e Casa Rio Tâmisa (Alemanha), do Complexo do Brás, ambos da cidade de São Paulo; Casa Arujá (Portugal); Casa Rio Dourado (Uruguai), de Lins; Casa Três Rios (Holanda), de Iaras; Casa Limeira (México); e Casa Ribeirão Preto (Croácia).

Foto: Divulgação/Fundação Casa

Mais dois times completaram a tabela, são eles: o Casa Ipê, do Complexo Raposo Tavares, em São Paulo, representando a Argentina que foi convidado para participar do campeonato e, da mesma forma, um time do Distrito Federal que representou a França.

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A disputa pelo troféu de campeão ficou entre Uruguai, seleção defendia pelos jovens do centro socioeducativo Rio Dourado, de Lins, e a boa equipe de Portugal, representada pelos adolescentes de Arujá, município da região metropolitana de São Paulo. Além do título, estava em jogo também a busca pela artilharia do torneio, uma vez que Furlan (nome fictício), camisa 10 de Rio Dourado, brigava pela chuteira de ouro também.

“É diferente jogar pela Fundação Casa e jogar na rua em liberdade. Parece que aqui o jogo fica mais emocionante, a gente vibra mais a cada disputa de bola e nisso, dá mais vontade de ganhar por saber que o esporte pode mudar a minha vida quando acabar minha internação”, comentou o atacante.

Foto: Divulgação/Fundação Casa

Disputa pelo ouro

O jogo da final teve emoção do início ao fim, e o time do interior abriu o placar nos primeiros minutos da etapa inicial com Furlan, o atacante que brigava pela artilharia. Mesmo mais incisivo e dono das ações em boa parte da primeira etapa, ainda deu tempo de Cristiano Ronaldo (nome fictício), meia de Portugal, empatar a partida com uma bela cobrança de falta que acertou o ângulo.

Um minuto depois Furlan fez mais um gol de cabeça e chegou a nove no campeonato, entretanto, como não conseguiu fazer mais nenhum gol dividiu o troféu de artilheiro com o Robin Van Persie (nome fictício), atacante da seleção holandesa, de Três Rios.

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No segundo tempo, o time de Portugal tentou atacar mais. O técnico promoveu algumas substituições que não fizeram muito efeito, ao contrário, em cobrança de pênalti o Uruguai ampliou o placar e passou a tocar bola para esperar o tempo passar. Assim que o apito final foi soado, o que se viu foi um time de garotos privados da liberdade comemorando como verdadeiros campeões a vitória de 3x1.

Foto: Divulgação/Fundação Casa

Para Zé Maria, ex- lateral direito da seleção brasileira e do Sport Club Corinthians Paulista, que acompanha os campeonatos da fundação há mais de 20 anos, a I Copa do Mundo de Futebol da Fundação Casa é um ato social que, além de capacitar os jovens atletas, também reeduca e dá a oportunidade dos internos sonharem novamente.

“Muitos jovens que pretendem ou buscam alguma oportunidade em grandes clubes a gente consegue facilitar esse caminho. Além disso, eu vejo como uma reintegração dessa juventude à sociedade porque eles vem jogar, mas conhecem espaços, estádios, cidades e tudo isso graças ao esporte”, ressaltou o ex-lateral.

Foto: Divulgação/Fundação Casa

Além da importância social, a Fundação Casa também se preocupou em oferecer aos garotos momentos de lazer durante a estadia na capital. Os adolescentes visitaram museus, estádios e puderam experimentar um pouco como da liberdade mesmo que assistida por agentes de segurança do estado.

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Segundo o presidente da fundação, é importante oferecer diversos meios de ressocializar esses meninos e revelou que, entre novembro e dezembro, alguns centros do estado de São Paulo passarão a oferecer aula de skate.

“Estamos instalando pistas de skate nos centros. Já compramos as pistas, os equipamentos de segurança para e sem dúvidas é mais um esporte que estamos dando para esses jovens como opção de lazer e reinserção social”, finalizou o presidente.

Fonte: Visão do Corre
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