Nove anos antes de Paris ser escolhida para sediar os Jogos Olímpicos, o filho do fundador de projeto social de badminton na comunidade da Chacrinha, no Rio de Janeiro, disse, com todas as letras, que iria disputar a Olimpíada na França. Entenda o contexto e os motivos pelos quais a declaração foi dada – não tem relação com a candidatura de Paris.
O atleta do badminton Ygor Coelho, da comunidade da Chacrinha, no Rio de Janeiro, declarou em entrevista, aos 11 anos de idade, que disputaria uma Olimpíada na França. A declaração espontânea e premonitória não tem relação com a candidatura de Paris, que só seria oficializada nove anos depois.
Era 2008. Alguns meses antes, o projeto social Miratus, de badminton, criado pelo pai de Ygor Coelho, tinha recebido duas visitas importantes.
Uma delas, a atleta canadense Charmaine Reid, que tinha acabado de levar a prata nas duplas femininas do Pan do Rio 2007.
Outra visita foi de Gwenaelle Maitre, francesa, representante da empresa Decathlon no Brasil, interessada em conhecer projeto social fundado e construído, com as próprias mãos, pelo pai de Ygor Coelho.
A visita da Gwen, como é mais conhecida no projeto social Miratus, deu início ao patrocínio da empresa, que em 2008, via Fondation Decathlon, financiou o piso das quadras.
Dois fatos explicam a fala olímpica
Era dia de festa quando Ygor Coelho falou que estaria na Olimpíada na França. Estavam sendo feitos registros em foto e vídeo pela equipe da patrocinadora, que apoia o atleta e o projeto até hoje.
Para Gwen, a inspiração gerada pela presença da atleta olímpica canadense e a convivência com funcionários da empresa francesa levou o garoto a citar a Olimpíada na França como um sonho possível.
O vídeo, com quase três minutos, começa em francês, com Gwenaelle apresentando Ygor Coelho. Na época, ele era bicampeão Pan-Americano sub-11. E se tornaria o único atleta de badminton das Américas a ganhar em todas as categorias: além do sub-11, venceu o sub-13, sub-15, sub-17 e sub-19.
Diálogo sobre o futuro que se concretizou
Fluente em português, com mais tempo de Brasil do que de França, a então diretora financeira da Decathlon pergunta em português “o que o badminton representa para você?”.
Ygor responde que “representa muitas coisas, me faz viajar a América toda”. Então emenda: “E o badminton vai me levar para vários lugares, para a França, o meu sonho é ir para a França e jogar as Olimpíadas pelo Brasil”.
A fala começa com 1 minuto de vídeo. Quase no final, aos 3:30, perguntado sobre seu maior sonho, Ygor Coelho repete que “é ir pras Olimpíadas”.
Gwenaelle insiste: “Você acha que vai conseguir chegar lá?”. Confiante, ele responde “vou, estou treinando muito”. E foi. Paris é sua terceira Olimpíada.
Atleta perdeu primeiro jogo na França
Ygor Coelho perdeu na estreia para o japonês Kodai Naraoka, mas teve o prazer de ouvir a torcida gritando seu nome. O brasileiro ainda está na disputa: dia 30, volta à quadra contra o sul-coreano Jeon Hyeok-Jin.
Além de vencer, precisa torcer por uma vitória do mesmo sul-coreano contra o atleta japonês que ganhou de Ygor na estreia.