O movimento para ocupar e revitalizar a quadra começou em 2006. Projeto mantido sem patrocínio do poder público ou de empresas, virou ponto turístico dos principais skatistas do país e do mundo, quando estão de passagem pelo Brasil. Leia entrevista com Rafael Felix, um dos idealizadores, em comemoração ao Dia Mundial do Skate, 21 de junho.
A quadrinha do Real Parque, popularmente conhecida como “Prafinha”, completa 18 anos como um dos mais tradicionais picos ocupados e transformados por skatistas da capital paulista, iniciativa reconhecida no Brasil e no mundo.
A área de lazer e ensino da comunidade está encravada em uma das regiões mais ricas da capital paulista, vizinha do tradicional bairro do Morumbi, entre outras áreas nobres.
A população periférica da região tem aspectos específicos, como representativa população de indígenas pankararu e a Prafinha.
O nome é uma junção criativa da palavra “praça”, mais o apelido do skatista profissional Rafael Félix, o “Finha”, um dos iniciadores do projeto. Ele é presidente da Associação Skate, Esporte, Cultura e Lazer do Real Parque (ASRP), que cuida da pista.
A estrutura e os equipamentos foram e são bancados com recursos dos skatistas e corres de arrecadação, como os eventos realizados em junho, quando se comemora o Dia Mundial do Skate, dia 21.
A Prafinha é referência e inspiração para skatistas pelo “faça você mesmo”, e virou ponto turístico dos principais skatistas do Brasil e do mundo quando estão de passagem pela capital paulista.
Rafael Félix, o Finha, conversou com o Visão do Corre sobre a história do projeto social que atingiu a maioridade.
Como começou o movimento de ocupação da praça?
Levo como marco inicial 2006, quando foi publicada uma foto minha no banco que tinha debaixo do quiosque da pista. Queríamos suprir nossa necessidade, então eu e amigos skatistas antigos do Real Parque começamos a ocupação do espaço, que estava abandonado e ocioso.
Aí crianças e jovens começaram a colar?
Ao longo do tempo a Prafinha foi ganhando corpo e sendo bastante utilizada pelas crianças da comunidade, mas não tinham skate. Senti necessidade de devolver ao universo tudo de bom que o skate me proporcionou. Montei alguns skates com peças de pessoas que tinham sobrando e comecei sem pretensão nenhuma a escolinha. Já se vão cinco ou seis gerações de crianças. É um projeto pessoal sem patrocínio, nem incentivo, nem salário, somente por amor ao skateboarding.
Quanto custa para manter o espaço?
As contas chegam salgadas por termos um espaço de cinco mil metros quadrados. Pode botar aí mais de mil reais por mês para pagar nossas necessidades básicas. Damos cambalhotas e piruetas pra pagar essas contas, sobrevivemos com o que conseguimos arrecadar nos eventos, rifas, doações e a lojinha na nossa sede.
Qual a maior dificuldade?
O mais difícil é arrumar apoiadores e patrocinadores. Também é difícil mostrar à sociedade e aos órgãos competentes que a Prafinha representa positividade e tem bastante coisa a agregar.
Mesmo assim, o projeto se ampliou.
Sim, para a Quadrespra, em referência à avenida Água Espraiada. O novo espaço de skate foi construído por nós, é uma extensão da Prafinha. O palquinho é feito com as mesmas cantoneiras e estruturas que tínhamos aqui. O primeiro obstáculo de concreto construído fomos nós do Real Parque, com mais alguns caras da Espraiada, que fizemos, com algumas dezenas de massadas de concreto batidas…
Mesmo sendo um projeto de cidadania, alguém daqui teve projeção?
Formamos cidadãos que aprenderam muito com a nossa cultura, são pessoas com uma visão mais aberta na vida. Alguns tiveram patrocínios, saíram em revistas e vídeos conhecidos de skate. E temos a nova geração chegando com força. Logo mais, vocês vão ouvir falar, gravem esses nomes: Tata, Henrique e Cabelinho.