Projeto Skatevolução supera a falta de estrutura em MG

Movimento passa por cima das dificuldades e leva o esporte para cidade da região metropolitana de Belo Horizonte

29 mar 2022 - 05h00
(atualizado às 10h20)
Ilustrações no Ocupa Curumim retrataram o sonho de ocupação cultural do espaço
Ilustrações no Ocupa Curumim retrataram o sonho de ocupação cultural do espaço
Foto: Erlaine Grace

A prática do skate surgiu nos anos 50 na Califórnia, nos Estados Unidos. Vários surfistas, entediados quando o mar estava calmo, tiveram a ideia de colocar rodinhas nas pranchas para que pudessem voltar para a casa e surfar ao mesmo tempo. Por isso o nome skateboard, que traduzido para o português livre quer dizer patins em uma prancha. No Brasil, ficou mais usual chamá-lo de skate e por muitas décadas foi considerado como hobby. Só nos anos 90 foi consolidado como esporte.

Apesar do reconhecimento como esporte profissional, skatistas tiveram que protestar muito para se popularizarem e serem inseridos nos grandes campeonatos, principalmente os praticantes das favelas e periferias do Brasil. Nos morros, o skate ainda luta para manter sua indentidade e mudar a imagem de passatempo rebelde.

Publicidade

O professor de Skate, William Mota, 38, aprendeu o esporte sozinho aos 17 anos e conheceu vários jovens de todas as idades que também andavam de skate pela cidade. Sempre morou em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte. Ele conta que desde aquela época, início dos anos 2000, Neves não tem estrutura para esse tipo de prática. "Juntava todo mundo, construíamos os próprios obstáculos para fazermos as manobras e andávamos nas ruas e nas casas que tinham espaços", relembrou.

Com o tempo, William adquiriu mais experiência e começou a organizar campeonatos de skate. Realizou os eventos na Escola Estadual Labanca e no Parque Ecológico, nas categorias mirim, iniciante e amador. O apoio foi somente da comunidade que participou e contribuiu para o sucesso das competições.

William Mota sempre foi o responsável pela manutenção das pistas para a comodidade dos alunos
Foto: Erlaine Grace

Em 2018, foi fundado o projeto Ocupa Curumim que promove atividades recreativas, eventos culturais, literários e artísticos no espaço. O local se mantém por meio de doações e voluntários da comunidade. William foi convidado por um amigo do Curumim para fazer parte do projeto e ensinar o esporte a crianças e jovens. "O Curumim era um terreno abandonado, sem nenhuma estrutura, então tivemos a ideia de ocupar, no sentido de dar vida ao lugar", explicou.

O professor procurou amigos e parceiros para montar o primeiro skate e conseguiu peças como ferros usados, canos e madeiras nos ferros velhos para a fabricação do shape e das rodas. Os alunos não tinham condições de adquirir o próprio equipamento e a aulas eram feitas no mesmo carrinho. Ele construiu os obstáculos como caixotes, corrimão, palco, palquinho para as crianças e rampa para que todos pudessem evoluir com a prática além do solo.

Publicidade

O imóvel onde as aulas acontecem é o mesmo e continua abandonado pelos órgãos públicos, aberto, com água, luz e instalações precárias, impossibilitando um número maior de eventos. Mesmo assim, são 60 alunos que já passaram pelo projeto, de idades e sexos variados.

O Projeto Skatevolução, nome dado por William, ilustrando a constante busca dos skatistas pelo reconhecimento e valorização, vai além do grupo de alunos e professor. A população de Ribeirão das Neves espera há mais de 20 anos por um espaço digno e próprio para a profissionalização e inserção do esporte na cidade.

O espaço Curumim precisa de reforma para as aulas prosseguirem com qualidade e segurança pelos integrantes das atividades. O professor esclarece que as ações feitas no local são também para chamar atenção das autoridades para que invistam no lugar que pode ser bem aproveitado em benefício da comunidade. "A gente está resistindo apesar desses problemas. E ser skatista é isso aí. A gente cria os obstáculos para superarmos", conclui.

A criança que pratica o esporte aprende desde cedo a cair e a se proteger nas quedas
Foto: Erlaine Grace

Importância e benefícios relatados por alunos que andam de skate:

* Melhora no foco e concentração

Publicidade

* Ganho de resistência e aumento da força física

* Ajuda na coordenação motora e no equilíbrio físico e emocional

* Desenvolvimento da agilidade e flexibilidade

* Emagrecimento e perda de calorias

* Estilo de vida saudável

* Vida social ativa e novas amizades

* Meio de locomoção para atividades cotidianas

* Controle da ansiedade, depressão e stress

Publicidade

* Auxilia e conforta em momentos de preocupações e problemas sociais

* Ocupa a mente e preserva a vida, afastando os praticantes de envolvimentos ilícitos e prejudiciais

* Felicidade e bem estar

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações