Jovem da Rocinha entra para a maior escola de programação do mundo

Michael Rodrigues encontrou na École 42 a oportunidade de aprender e fazer a diferença

28 mai 2023 - 05h00
Michael estuda na escola francesa École 42
Michael estuda na escola francesa École 42
Foto: Reprodução: Instagram/michaelrodriguess_

Diretamente da Rocinha, no Rio de Janeiro, Michael Araújo Rodrigues, de 25 anos, é um dos cadetes da École 42, maior escola de programação do mundo com sede na Gamboa. A escola francesa permite que pessoas a partir dos 18 anos entrem, não precisa ter conhecimento em programação nem diploma. Apenas saber usar um mouse e um teclado e ter vontade de aprender.

A aprendizagem é diferente, não tem professor. Baseada no “Peer-to-Peer”, os alunos devem colaborar em grupo para progredir nos projetos propostos. O sucesso tanto individual quanto dos colegas é garantido pela troca de informações, atuando tanto como instrutor quanto aprendiz de forma alternada.

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Michael sempre foi muito curioso com as oportunidades que apareciam. Com o incentivo dos pais, procurava saber melhor sobre os projetos, desde escolas de futebol até reforços escolares.

“Foi assim que conheci a ONG SBR, que pega jovens da favela da Rocinha para ensinar a andar de skate, patins e bike. Essa oportunidade foi muito importante pra mim, pois esse contato com o skate me tirou da rotina de estar próximo de pessoas envolvidas com o tráfico", conta Michael. 

"Costumo dizer que a SBR me mostrou o mundo como é fora da Rocinha também, que existem outras possibilidades na vida além do dia a dia que a gente vê na favela.”

Carreira em tecnologia

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O jovem começou a trabalhar aos 14 anos na obra com o pai. Também chegou a trabalhar em uma loja de roupas, onde ficou dois anos e teve uma breve experiência como bartender em um restaurante. Mas foi durante a pandemia que Michael enxergou possíveis profissões e áreas em que se via trabalhando.

“Foi muito difícil olhar para as profissões e ver que não tinha nenhuma referência na minha favela pra começar naquelas áreas que gostava, que era na área da tecnologia”, relata o jovem.

Através de uma reportagem da Globo, Michael começou a acompanhar Lucas Lima, rapaz que criou uma impressora 3D com sucatas eletrônicas, improvisando peças. “Me identifiquei muito com ele, pois minha vida inteira sempre foi baseada nas gambiarras e ele trouxe pra mim uma representatividade e inspiração de que eu também posso.”

Em uma postagem compartilhada por Lucas Lima no Instagram, Michael ficou sabendo do processo seletivo da escola francesa com a primeira turma no Rio de Janeiro. Estudando por conta própria, ele passou e carrega esse momento como um dos melhores de sua vida. “Demorou pra entender e conseguir fazer com que objetivos futuros fizessem parte do meu presente”, diz. 

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Sobre a experiência na École 42, Michael tem apredidando também gerenciar tempo e objetivos. "Gosto muito da troca de ideias que eles proporcionam no dia a dia com outros alunos com vivências diferentes e que me ensinam bastante. É incrível ver o quanto entrei sem saber nada de software e hoje sei muita coisa em comparação ao meu início", comemora. 

Com a expectativa de mudar a realidade da família, o estudante vai continuar se aperfeiçoando na tecnologia com o objetivo de impactar positivamente a sociedade e ajudar pessoas.

“Quero estar envolvido com projetos sociais que possam fortalecer os favelados na tecnologia e nas suas respectivas áreas. Nós precisamos de referências e de pessoas da favela falando sobre suas áreas e mostrando que é possível. Nós sabemos o quanto foi difícil.”

Fonte: Visão do Corre
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