Jovem faz vaquinha para estudar tratamento de câncer nos EUA

Pedro Paulo conseguiu bolsa para fazer parte do mestrado na universidade americana Virginia Tech, mas precisa de ajuda para bancar despesas

1 mar 2023 - 05h00
(atualizado às 10h58)

Um morador de Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, conta com a ajuda de uma vaquinha online para bancar uma viagem importante aos Estados Unidos. O jovem engenheiro Pedro Paulo Santos, 24, vai ao país norte-americano pesquisar um tratamento inovador para o câncer. 

Aluno de mestrado da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Pedro estuda desde a graduação a eletroquimioterapia em animais: um tratamento que busca melhorar a eficácia de medicamentos contra o câncer com a ajuda de pulsos elétricos. 

Publicidade

Os “choques” deixam as células do corpo do animal mais porosas e facilitam a ação dos remédios no local do tumor, evitando efeitos colaterais como queda de pelos. No Brasil, a eletroquimioterapia só é utilizada no tratamento de animais, mas na Europa o uso em humanos já é uma realidade. 

Agora, Pedro quer continuar os estudos do mestrado sobre o tema ao lado de um dos maiores especialistas na área, o professor americano Rafael Davalos, da universidade Virginia Tech. “Ele é a maior referência moderna que a gente tem no assunto”, conta. 

O jovem conseguiu ser aceito como pesquisador visitante no campus da faculdade e vai receber uma bolsa de estudos, mas o dinheiro só cai na conta do engenheiro a partir da segunda semana de trabalho no laboratório. Até lá, todas as despesas ficarão por conta dele. 

“O visto, o aluguel, caução do aluguel, passagem aérea, plano de saúde”, lista ele. No total, as despesas somam cerca de R$ 15 mil e, para conseguir pagá-las, Pedro decidiu abrir a vaquinha. “[O dinheiro] é para eu conseguir chegar lá”, explica o estudante. 

Publicidade

Disponível até o dia 8 de março, a vaquinha arrecadou até o momento R$ 3,5 mil. Pedro conta o valor para seguir estudando câncer, tema pelo qual ele se interessou bem antes da faculdade.  

“Eu sabia que queria fazer Engenharia Eletrônica e tive uma tia que morreu de câncer. Minha família sofreu demais e na época descobri uma área chamada Engenharia Biomédica, que era basicamente aliar Eletrônica com Medicina no tratamento de doenças”, lembra o pesquisador.  

Pedro faz mestrado na UFSC e agora deseja continuar os estudos na Virginia Tech
Pedro faz mestrado na UFSC e agora deseja continuar os estudos na Virginia Tech
Foto: Léu Britto/Agência Mural

A oportunidade de seguir com o mestrado por um ano nos Estados Unidos representa um passo importante para ele e a família. Desde que saiu do ensino fundamental, onde foi bolsista em uma escola particular do bairro, Pedro percorre quilômetros de distância para estudar.  

No ensino médio, foi estudante da Etec (Escola Técnica Estadual) Takashi Morita, em Santo Amaro, a 30 km de casa. Depois, mudou de estado para a graduação na UFSC, em Santa Catarina, onde ingressou no mestrado em seguida, a 680 km de São Paulo. 

Publicidade

Agora, são mais de 7,5 mil km de distância entre a casa dele, em Parelheiros, e a Virginia Tech, no estado americano da Virgínia. 

O incentivo pela educação, conta ele, foi obra da mãe. Certa vez, na infância, o avô disse brincando que ele não tinha calos nas mãos. A mãe dele, ao ouvir, bradou que trabalhava o dia todo para que ele estudasse e não precisasse ter calos. 

“Tenho certeza que se não fosse esse tipo de pensamento da minha mãe, eu não estaria aqui hoje”, finaliza Pedro. 

Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações