A série "Xuxa - O Documentário", da Globoplay, trouxe à memória dos moradores de São Mateus, na zona leste de São Paulo, um evento singular. Em 1997, a rainha dos baixinhos realizou um show no Parque do Carmo, também na zona leste, que reuniu cerca de 200 mil pessoas, segundo estimativa da Polícia Militar. Um recorde para apresentações no local na época.
Uma publicação sobre o show na página São Mateus Mil Grau gerou dezenas de comentários e recordações, principalmente, de pessoas que assistiram à apresentação naquele domingo ensolarado, de 28 de setembro. Uma delas foi a esteticista Dayana Alves, 36. Na época, com 10 anos, ela foi acompanhar a mãe e um casal de tios que vendiam bebidas no Parque do Carmo.
“Minha mãe ficava vendendo e eu ficava vendo as pessoas. Tava todo mundo bem eufórico nesse dia. Tinha bastante luz e balões coloridos em cima do palco. Dava para ouvir muito bem as músicas e ela falando”, recorda Dayana.
A recepcionista Karla Cris Pina, 40, tinha 14 anos e lembra bem dessa multidão no parque. “Todo mundo queria ficar próximo do palco. Nossa vontade era de chegar próximo ali e era um empurra-empurra. Foi uma loucura, mas só de ver ali a Xuxa cantando foi muito prazeroso”, comenta.
Xuxa cantou "Ilariê”, “Lua de Cristal”, “Tô de Bem com a Vida”, “Libera Geral”, entre outros sucessos. Na época, ela estrelava os programas Xuxa Park, nas manhãs de segunda a sexta, e Planeta Xuxa, nas tardes de sábado. Ambos na TV Globo.
Aos 8 anos, a assistente de recursos humanos Camila Marques, 33, assistia a rainha dos baixinhos pela televisão e fez questão de ver a apresentadora de perto.
“Adorava as brincadeiras, só que pelo estúdio dela ser no Rio de Janeiro, a gente nunca conseguiu ir. Então, quando ela veio para São Paulo fazer esse show no Parque do Carmo, que era de graça, foi um absurdo. Foi o momento mais incrível para mim. Me sentia lisonjeada naquele lugar”, explica.
Cada uma delas encontrou um jeito de ir ao show. Dayana, que atualmente reside no bairro Recanto Verde do Sol, na zona leste, morava em Ferraz de Vasconcelos, na Grande São Paulo, e foi de carro com a família. Por conta das vendas, chegou cedo e saiu tarde, para evitar o trânsito. Karla mora próximo ao Parque do Carmo e aproveitou uma trilha existente na época para chegar à apresentação.
Camila e seus pais moram no Jardim Santa Adélia, na zona leste, e optaram pelo ônibus no dia. Ela lembra dos perrengues no trajeto. O primeiro foi a espera pelo terceiro ônibus do Terminal São Mateus para o Parque do Carmo, na ida; depois, o desafio do retorno.
“Meu pai estava vendo que o show já ia acabar e falou: ‘vamos sair um pouquinho antes’. A gente saiu, mas, ainda assim, lá fora também estava muito lotado. Esperamos duas horas para conseguir pegar o ônibus”, relembra Camila.
No mesmo dia, também se apresentaram os grupos Soweto, Exaltasamba e Dominó. Os shows, marcados para iniciar às 11h, atrasaram cerca de uma hora e meia, afetando toda a programação. O show da Xuxa começou às 15h20.
Os contratempos não abalaram as recordações das “baixinhas”. Camila destaca que o show foi significativo para os moradores de São Mateus. “Foi um momento muito incrível na minha vida. Me trouxe um dia de lembrança muito bom. Se houvesse hoje em dia muitas pessoas também seriam beneficiadas”, argumenta.
Das entrevistadas, apenas Karla assistiu ao documentário e conta como se sentiu ao ver a história da Xuxa. “Fiquei muito emocionada, porque ela será sempre a nossa eterna rainha. A gente cresceu acompanhando a carreira dela. Cada passo dela, cada conquista”, afirma.
Já Dayana ressalta as conquistas pessoais e o legado da apresentadora. “Tenho uma baita admiração por ela não só como artista, mas como mulher. Lidar com todas as suas idas e vindas de épocas, de temas e das mudanças. Porque como muitas mulheres ela estava no meio extremamente exploratório, e ela soube lidar com tudo isso.”