Bailarino que viveu na rua e em lixão conquista prêmios em SP

Amauri Lopes, de 16 anos, conquistou uma vaga para um festival na Alemanha, mas a viagem custa cerca de R$ 15 mil

14 out 2022 - 05h00
(atualizado em 17/10/2022 às 14h34)

Cria da periferia de Praia Grande, no litoral de São Paulo, o jovem bailarino Amauri Lopes, 16, é autista e morou na rua e no lixão com a mãe, Eliana Souza, catadora de recicláveis. O adolescente enfrentou a depressão e viu a transformação em sua vida e de sua família após descobrir a dança. 

Foto: @flahsaphotography

Recentemente o jovem foi relacionado para um dos maiores festivais de dança do mundo: Festival Tanzolymp 2023, em Berlim, na Alemanha. Ao Visão do Corre, a mãe de Amauri se diz muito contente com a conquista de seu filho, mas conta que a viagem ainda é um sonho distante devido à falta de recursos financeiros. 

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“Ainda falta muita coisa. Ele não tem malas, roupas”, relatou Eliana, que relembra a trajetória do menino até a superação: “Ele era muito depressivo, não queria sair de casa e a arte ajudou na socialização”. Por conta do desenvolvimento do filho, que, segundo Eliana, não falava e vivia deprimido, ela procurou ajuda médica. Ela recebeu a notícia do diagnóstico. Amauri tem Transtorno do Espectro Autista (TEA). 

Sem ter para onde ir, ela e o filho foram morar em um aterro sanitário, onde permaneceram por seis anos. Depois, ela conta que conseguiu construir um ‘barraquinho’ dentro de um lixão em Praia Grande. “Fomos despejados do barraco onde vivíamos quando Amauri tinha cinco anos”. Segundo ela, na época, o dono do terreno vendeu o local.

Amauri foi diagnosticado com autismo aos 10 anos, quando a mãe percebeu que ele não falava, vivia trancado no quarto e o levou a um médico. Na mesma época, ambos foram morar em um Conjunto Habitacional, onde a arte de Amauri foi descoberta. 

“Hoje o fato de a gente ter pelo menos três cômodos para morar já é uma grande conquista. Mas nossa dificuldade ainda é grande. Minha televisão queimou, e agora eu não posso ver mais nada a respeito das conquistas do meu filho”, revelou a mãe do garoto.

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O artista

Nesta mesma época, um professor da escola onde Amauri estudava percebeu o talento que o menino tinha para a arte e sugeriu para Eliana que matriculasse o filho nas aulas de teatro no Complexo Cultural Palácio das Artes, administrado pela Prefeitura de Praia Grande.

O jovem artista, que faz teatro desde os 10 anos, há 3 anos ingressou na dança. Hoje em dia, ele faz balé e jazz contemporâneo. E foi justamente nesta área que ele começou a se destacar e a ser premiado, vencendo também o preconceito.

“Quando ele vai para as seletivas e para os campeonatos, ele não usa o laudo médico, ele vai pelo mérito dele. Ele treina todos os dias até às 22h”, diz a mãe, que conta que o filho superou também o preconceito. 

“Muito preconceito e muito sofrimento. Sofro até hoje. Não tenho condições de ir ao mercado fazer uma compra. O remédio dele custa R$ 400 e pouco. Quando ele vai para as seletivas e para os campeonatos, ele não usa o laudo médico, ele vai pelo mérito dele. Ele treina todos os dias até às 22h”, afirma Eliana.

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Apoio

Para arcar com sua viagem para a Alemanha, Amauri mobilizou uma vaquinha para conseguir realizar esse sonho. A meta é R$ 15 mil para arcar com transporte, alimentação e estadia.

O Festival Tanzolymp 2023, que acontecerá em fevereiro, em Berlim, na Alemanha. Eliana começou a pedir ajuda para os amigos e começou a juntar dinheiro para conseguir arrecadar o valor em até três meses. “Tenho orgulho dele. Vamos conseguir esse sonho, nada vai ser perdido”. 

Acompanhe Amauri no Instagram.

Fonte: Visão do Corre
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