Sustento da comunidade pesqueira vem do rio. Moradores relatam irritação na pele e intoxicações. Passeada pede ações concretas para resolver a contaminação e minimizar impactos ambientais.
“Dependemos do caranguejo para sobreviver, mas ninguém quer comprar com medo de contaminações. Estamos vendo um berço de vida destruído”, relata Vanilza da Conceição Gomes, pescadora e moradora de Magé.
Quase um mês após o acidente com dois caminhões, ocorrido em 1 de outubro, contaminando o rio Suruí, moradores, pescadores e ativistas fizeram caminhada de protesto reivindicando ações concretas de recuperação ambiental.
Há relatos de irritações na pele e intoxicação. “Estou tomando remédio desde que tudo aconteceu. Minha garganta dói e meu neto também passou mal”, diz a pescadora Vanilza.
Acidente despejou cinco mil litros de poluentes
Rafael Santos Pereira, 37 anos, presidente da Associação de Caranguejeiros e Amigos dos Mangues de Magé, lembra que a situação se agrava porque estamos no período de proibição da pesca, para proteger a reprodução.
“Estamos lutando para que as autoridades assumam a responsabilidade, implementem medidas de recuperação e apoiem as famílias prejudicadas”, explica Pereira.
A contaminação do rio Suruí foi causada por um acidente em 1º de outubro de 2024, quando dois caminhões bateram. Um derramou gasolina e diesel; o outro, emulsão asfáltica no afluente da Baía de Guanabara. Foram cinco mil litros de poluentes.
Magé está na “periferia da periferia”
Segundo dados do mapa da desigualdade publicado pela Casa Fluminense, em 2023, Magé é um dos municípios mais vulneráveis a desastres ambientais na Região Metropolitana do Rio de Janeiro.
Cerca de 73 mil domicílios de Magé estão localizados em áreas de alto risco de alagamento, o que corresponde a 66% das moradias da cidade.
A porcentagem supera a capital e é mais do que o dobro da Baixada Fluminense, cuja média de áreas com risco de alagamento é de 28% dos domicílios.