Se os becos falassem, haveria espaço para histórias inspiradoras, comemorações, e ideias inovadoras. Pensando nisso, o coletivo Entre Becos surge para falar dos muros periféricos onde não escorrem apenas sangue e lamentações. Fundado por quatro mulheres, esse é o objetivo da newsletter quinzenal.
Criado a partir do projeto da Agência Mural em Salvador, o grupo Entre Becos distribuirá uma newsletter quinzenal e gratuita com reportagens produzidas por moradores de diferentes bairros de Salvador. A edição 0, lançada no dia 03 de agosto, apresenta a proposta do boletim, conta a trajetória do coletivo e já está disponível no link da plataforma.
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O grupo é formado por jornalistas, cientistas sociais e agentes culturais periféricos, sob a coordenação de quatro mulheres: Brenda Gomes, Bruna Rocha, Rosana Silva e Gabrielle Guido.
“Nossa proposta é construir um jornalismo de forma democrática que possa tratar pautas que não sejam atreladas somente a casos de violência e desigualdade social. Mas a história da nossa gente, histórias das comunidades e das pessoas que constroem essa periferia”, explica Brenda.
As diversidades, potências e iniciativas periféricas soteropolitanas são pauta principal da newsletter do coletivo, distribuída quinzenalmente, com reportagens contrapondo as narrativas violentas e estereotipadas sobre esses bairros.
A produtora cultural, Gabrielle Guido explica que a newsletter foi o formato escolhido por estar sendo cada vez mais difundido no jornalismo. “Além disso, foi uma possibilidade para a gente começar sem os custos de um portal. Mas é uma primeira ação que visa se tornar várias outras”, disse.
Como forma de aumentar o alcance, as reportagens também são distribuídas por Whatsapp. Para receber as informações via WhatsApp, basta mandar uma mensagem para: (71) 9238-6768 e fazer parte da lista de transmissão do coletivo.
Além das 4 fundadoras, o coletivo é formado por 9 correspondentes de bairros como Sussuarana, Itapuã, Engenho Velho de Brotas e Federação, Garcia, Nordeste de Amaralina. “Somos comunicadores populares, entendemos que existem outras possibilidades de narrativa, né? Existem outras histórias. Então, o impacto que a gente quer causar é desassociar determinados estereótipos desses espaços e construir um jornalismo mais participativo, um jornalismo mais democrático”, acrescentou a jornalista, Brenda Gomes.
O coletivo foi selecionado para participar do programa Acelerando a Transformação Digital - uma parceria da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI), Meta Journalism Project com a International Center Four Journalists (ICFJ) - que visa fortalecer o jornalismo local e independente nos municípios brasileiros.
“Essa foi a primeira seleção que participamos enquanto coletivo. Nossa proposta de cobertura das periferias foi uma das 80 iniciativas escolhidas de jornalismo local de todo o Brasil”, disse Rosana Silva.
Essa cobertura local tem um papel importante no que diz respeito ao acesso à informação, conforme explica Juan Torres, jornalista e mentor do programa Acelerando a Transformação Digital. “Nas grandes capitais, a cobertura dos veículos não chega em todos locais da cidade. E aí entra a importância de iniciativas como a Entre Becos, com recorte de jornalismo local”.
A estudante de Jornalismo, Bruna Soares, ressalta ainda que as histórias contadas não são apenas sobre entretenimento. “Desejamos tratar sobre saúde, empreendedorismo, educação, inclusão social, meio ambiente e as mais diversas facetas que esses grandes aglomerados proporcionam”, concluiu.
