Em seis estados, combate às drogas custa quase mil escolas, diz estudo

Levantamento considera gastos com ações policiais nas ruas, burocracia, tribunais, encarceramento, entre outros aspectos

10 dez 2024 - 08h23
Resumo
Além da comparação com as despesas do sistema de justiça, relatório afirma que proibição tem “impactos devastadores, principalmente para a juventude negra e periférica”. Entre os números que chamam a atenção, Bahia gasta mais do que o Rio de Janeiro no combate às drogas.
Repressão às drogas usa recursos que poderiam ser aplicados na educação e suspende aulas quando acontecem operações nas periferias.
Repressão às drogas usa recursos que poderiam ser aplicados na educação e suspende aulas quando acontecem operações nas periferias.
Foto: Fernando Frazão/AB

A Escola Estadual Professora Isabel Cristina Fávaro Palma, em Tejupá, interior paulista, custou R$ 5,5 milhões. Outras 679 poderiam ter sido construídas com o valor gasto no combate às drogas no ano passado em São Paulo. Juntando mais cinco estados, seriam 954 estabelecimentos de ensino.

Em outra comparação do estudo Efeito Bumerangue: o Custo da Proibição das Drogas, 396 UPAs poderiam ser mantidas, durante um ano, com os R$ 7,7 bilhões gastos por São Paulo; incluindo Bahia, que gastou mais do que o Rio de Janeiro; além de Distrito Federal, Santa Catarina e Pará.

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Com dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI), a pesquisa considera custos do Ministério Público, Defensoria, Tribunal de Justiça, entre outros. Mais da metade do valor total foi para as polícias militares e os sistemas penitenciários, mostra o levantamento do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC).

A maioria das informações foi obtida por meio da Lei de Acesso à Informação. Resultados compõe o quadro de gastos.
Foto: Reprodução

“A guerra às drogas se assemelha a uma jogada de bumerangue amadora e sem estratégia, mas o objeto aqui é um montante bilionário de dinheiro público, que se volta contra a população, com impactos devastadores, principalmente para a juventude negra e periférica”, destaca Julita Lemgruber, coordenadora do CESeC e do projeto Drogas: Quanto Custa Proibir. 

Dados que chamam a atenção

Os seis estados considerados no levantamento gastaram em um ano quase R$ 1 bilhão para privação e restrição de liberdade de adolescentes punidos por atos infracionais em crimes previstos na Lei de Drogas (11.343/06).

Chama a atenção o fato de que, no Rio de Janeiro e em São Paulo, 40% dos adolescentes que estão nos sistemas socioeducativos foram enquadrados em crimes previstos na Lei de Drogas. No Pará, a situação é inversa: apenas 3,9%.

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Quantidade de escolas que poderiam ser construídas com valor gasto no combate às drogas consideradas ilícitas.
Foto: Reprodução

A pesquisa denuncia que não existem informações oficiais sobre o custo das operações policiais, o que subestima o valor total do real impacto da implementação da Lei de Drogas. Ações cotidianas de revistas nas ruas só resultam em registros formais quando alguma quantidade de droga é apreendida.

“As polícias militares fazem operações muito custosas para o Estado e que devastam a vida e o futuro de milhares de jovens negros das periferias, seja pela letalidade da sua ação, seja pelo encarceramento ou pelas limitações impostas à vida cotidiana, como a impossibilidade de ir à escola ou a um centro de saúde”, diz Julita.

Fonte: Visão do Corre
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