É na periferia de Salvador que nasce Fábio Anderson de Assis, mais conhecido como Jahgun. Hoje ele vive em Los Angeles, California, mas até chegar aos Estados Unidos, obter cidadania e se tornar um artista reconhecido, a caminhada foi longa.
Nascido em maio 1979 no bairro da Capelinha do São Caetano, Jahgun é um dos quatros filhos de Sônia Maria da Santa Luzia. Teve o apoio e incentivo da mãe desde criança, mas sua infância foi difícil.
Aos 12 anos trabalhava vendendo pipoca, picolé, balas e chocolate pelas ruas de Salvador. Hoje leva sua arte, especialmente a música, para o mundo. Multiartista, é principalmente cantor e compositor, mas também artista plástico, ator, produtor musical e audiovisual.
Por valorizar a origem africana, decidiu continuar a tradição iorubá em seu nome. Juntou duas palavras em uma: Jah, o deus da filosofia rastafari, e Ogum, orixá guerreiro do candomblé. Acredita que, assim, honra seus antepassados e representa melhor sua ancestralidade.
DNA artístico
As primeiras referências musicais estavam na própria família. Seu irmão mais velho, Ney Rios, e seu primo, Martin Santis, são cantores. O tio-avô, Tião Motorista, foi cantor e compositor relevante para a música popular brasileira na década de 1970.
Oficialmente, a carreira artística de Jahgun começou em Salvador, aos 12 anos, quando cantou pela primeira vez para um grande público. Foi na Festa da Lavagem da Boa Vista de São Caetano, na banda de samba reggae Raça Negra, fundada e regida por seu primo, Martin Santis.
Jahgun foi cantor na Banda Juvenil do Olodum e na Banda Kissukila. Fez trabalhos como modelo em comerciais, desfiles e grandes eventos de moda, como Projeto Axé, Barra Fashion e Iguatemi Collection. Chegou a participar de novelas, filmes e da minissérie Labirinto, em 1988, produzida pela Rede Globo.
Rumo aos EUA
Em 2001, Jahgun foi convidado para ir aos Estados Unidos por uma amiga da família, Mikelle Omari, estudiosa de história da arte africana e afro-estadunidense. Ela acreditava que o talentoso Jahgun teria mais oportunidades fora do Brasil. Depois de seis meses, ele decidiu residir definitivamente na América do Norte, voltando a exercer a profissão de barbeiro e atuar como modelo.
Essa divisão entre a produção artística e a obrigação de ter trabalhos paralelos para sobreviver marcam sua vida. Entre os seus trabalhos de maior destaque está a campanha publicitária da Cross Colours, uma das marcas de roupa mais conhecidas nos EUA. Jahgun foi modelo para o fotógrafo Davide Stennett, importante designer dessa marca.
Além disso, trabalhou como modelo em uma das edições da influente revista Jet Magazine, voltada para a comunidade negra. Incansável, também participou de calendários como The Spirit of Black Man, fazendo parte de quatro edições.
Paralelo ao trabalho de modelo, fez aparições em filmes como The Run Down (Bem-Vindo à Selva) de 2003, foi um dos artistas brasileiros convidados a se apresentar no American Idol e participou do lançamento do filme Rio, em 2011.
Nos maiores palcos
Atualmente, Jahgun é acompanhado pela Justifyah Band, sua banda, e se apresenta mensalmente nas casas de show Mozambique e DiPiazza’s, locais onde possui um público cativo. Desde que chegou, se apresenta nas festas de carnaval dos EUA, no Brazilian Day e na festa do Havaí.
O artista, que tem os roots reggae como principal pilar musical, também passeia por outros gêneros, como dancehall, reggaeton e afrobeat. Versátil, apresenta uma performance rica em recursos técnicos, do timbre das interpretações até a dinâmica vocal.
Para se ter uma ideia de onde Jahgun chegou, só no ano passado o baiano se apresentou no Festival Lightning in a Bottle, em Buena Vista Lake, na Califórnia. Também esteve em um dos maiores eventos de reggae do mundo, Reggae on the Mountain, onde dividiu o palco com nomes como Ziggy Marley, entre outras estrelas do reggae mundial.
Realizado e cheio de projetos
“Me sinto muito feliz em saber que posso influenciar pessoas mais jovens, pessoas da mesma cultura, talvez até de outra cultura e de gerações diferentes da minha. Desejo que utilizem no futuro algo como a música ou também o trabalho com estética. Eu já influenciei algumas jovens da minha família e isso é muito importante”, ressalta Jahgun.
O artista reside em Los Angeles, Califórnia, Estados Unidos. Tornou-se cidadão estadunidense há aproximadamente dez anos, quando fundou o Centro Cultural The Lion Arts and Entertainment, que oferece suporte a artistas independentes da comunidade negra local.