Grande questão do G20 Social é implementação de pautas periféricas

Jovens ativistas falam sobre expectativas de que demandas das quebradas sejam ouvidas e, sobretudo, colocadas em prática

15 nov 2024 - 10h44
(atualizado às 11h23)
Resumo
O objetivo do G20 Social, que antecede o G20, é ampliar a participação da sociedade nas atividades e decisões da cúpula de líderes. Em dois dias antes do evento principal, serão discutidas propostas desenvolvidos ao longo de quase um ano pela população e movimentos sociais.
Fila de entrada para o Espaço Kobra, onde acontecem as atividades autogestionadas do G20 Social, na região portuária do Rio de Janeiro.
Fila de entrada para o Espaço Kobra, onde acontecem as atividades autogestionadas do G20 Social, na região portuária do Rio de Janeiro.
Foto: Tânia Rêgo/AB

O G20 Social foi criado para garantir a participação popular na cúpula de líderes mundiais. Nos dois dias que antecedem o evento principal, “grupos de engajamento” se reúnem e discutem propostas, mas a grande questão é se elas serão incorporadas e, principalmente, implementadas.

O Visão do Corre conversou com lideranças jovens que, apesar de comemorarem a abertura para a voz do povão, sabem que nada está garantido. A pressão política e efetiva presença periférica nas decisões são fundamentais.

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“A gente não pode entrar numa cortina de fumaça onde a gente não consegue ver, sequer, o andamento das soluções que nós mesmos propomos. A gente precisa que a solução tenha impacto no meu, no seu bairro”, diz Mateus Fernandes, do bairro Santos Dumond, quebrada de Guarulhos.

Mateus Fernandes no pré-lançamento do Y20, um dos 13 grupos de engajamento que fazem parte do G20 Social.
Foto: Arquivo pessoal

“São demandas que não dá para esquecer”

Formado em Comunicação, Mateus Fernandes é um jovem líder que leva demandas periféricas a fóruns globais, como o G20 Social. Quer garantir que as vozes das favelas brasileiras cheguem aos tomadores de decisão.

“Se não houver pressão política sobre as propostas do G20 Social a gente não vai ver implementação. A minha pergunta é: será que vão ouvir e implementar o que está sendo discutido globalmente?”.

“Não necessariamente sou eu que vou escrever o texto”

Gaio Jorge, 25 anos, engenheiro de alimentos, participa das discussões climáticas no G20 Social. É de Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro. Representa o PerifaLAB, rede de aceleração de lideranças periféricas.

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Gaio Jorge participa de evento pelo Y20. Ativistas e movimentos sociais vêm se articulando para o G20 há meses.
Foto: Arquivo pessoal

“Para uma pauta da periferia chegar na presidência do G20, precisa passar pelos grupos de engajamento, negociar, ter consenso. É difícil, a garantia é muito pouca. Essas demandas precisam de pressão política e mais gente como nós”, diz.

Ele cita um exemplo: “Aqui na favela a gente não admite que gays sejam destratados, mas como é que isso passa com a Arábia Saudita na mesa?”. Ele acredita nas possibilidades de participação periférica, “mas se vão executar da forma correta para que aconteça, eu não sei dizer”.

“Periferia acaba tendo a conta mais pesada da crise climática”

Justiça climática é a principal pauta que a bióloga Thaynara Fernandes vai levar e debater no G20 Social, no Rio de Janeiro.
Foto: Arquivo pessoal

Thaynara Fernandes, bióloga, mora na favela do Jacarezinho desde que nasceu, há 29 anos. Participa de articulações para implementar políticas públicas da agenda climática no Brasil e no mundo.

“Acredito que para garantir que as pautas periféricas sejam implementadas a periferia tem que estar presente da mão de obra até os intelectuais”, diz.

Ela comemora o G20 Social, iniciativa nova dentro do G20, mas “qualquer tipo de implementação que está pautando um grupo, precisa que este grupo esteja presente e encaminhando discussões nos espaços de decisão e poder”.

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Fonte: Visão do Corre
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