O objetivo do G20 Social, que antecede o G20, é ampliar a participação da sociedade nas atividades e decisões da cúpula de líderes. Em dois dias antes do evento principal, serão discutidas propostas desenvolvidos ao longo de quase um ano pela população e movimentos sociais.
O G20 Social foi criado para garantir a participação popular na cúpula de líderes mundiais. Nos dois dias que antecedem o evento principal, “grupos de engajamento” se reúnem e discutem propostas, mas a grande questão é se elas serão incorporadas e, principalmente, implementadas.
O Visão do Corre conversou com lideranças jovens que, apesar de comemorarem a abertura para a voz do povão, sabem que nada está garantido. A pressão política e efetiva presença periférica nas decisões são fundamentais.
“A gente não pode entrar numa cortina de fumaça onde a gente não consegue ver, sequer, o andamento das soluções que nós mesmos propomos. A gente precisa que a solução tenha impacto no meu, no seu bairro”, diz Mateus Fernandes, do bairro Santos Dumond, quebrada de Guarulhos.
“São demandas que não dá para esquecer”
Formado em Comunicação, Mateus Fernandes é um jovem líder que leva demandas periféricas a fóruns globais, como o G20 Social. Quer garantir que as vozes das favelas brasileiras cheguem aos tomadores de decisão.
“Se não houver pressão política sobre as propostas do G20 Social a gente não vai ver implementação. A minha pergunta é: será que vão ouvir e implementar o que está sendo discutido globalmente?”.
“Não necessariamente sou eu que vou escrever o texto”
Gaio Jorge, 25 anos, engenheiro de alimentos, participa das discussões climáticas no G20 Social. É de Guadalupe, zona norte do Rio de Janeiro. Representa o PerifaLAB, rede de aceleração de lideranças periféricas.
“Para uma pauta da periferia chegar na presidência do G20, precisa passar pelos grupos de engajamento, negociar, ter consenso. É difícil, a garantia é muito pouca. Essas demandas precisam de pressão política e mais gente como nós”, diz.
Ele cita um exemplo: “Aqui na favela a gente não admite que gays sejam destratados, mas como é que isso passa com a Arábia Saudita na mesa?”. Ele acredita nas possibilidades de participação periférica, “mas se vão executar da forma correta para que aconteça, eu não sei dizer”.
“Periferia acaba tendo a conta mais pesada da crise climática”
Thaynara Fernandes, bióloga, mora na favela do Jacarezinho desde que nasceu, há 29 anos. Participa de articulações para implementar políticas públicas da agenda climática no Brasil e no mundo.
“Acredito que para garantir que as pautas periféricas sejam implementadas a periferia tem que estar presente da mão de obra até os intelectuais”, diz.
Ela comemora o G20 Social, iniciativa nova dentro do G20, mas “qualquer tipo de implementação que está pautando um grupo, precisa que este grupo esteja presente e encaminhando discussões nos espaços de decisão e poder”.