Jovens fazem chegar ao G20 um manifesto em forma de poema

Lideranças do Norte e Nordeste mobilizadas por transição energética justa se concentraram no Morro Santo Amaro

16 nov 2024 - 19h46
Resumo
Juventudes da floresta, das águas, campos, cidades, favelas, quilombos e aldeias atuam para humanizar a transição energética em seus territórios de resistência. “Poema chega com a força de um grito”, diz ativista.
Marcus Barão, terceiro da direita para esquerda, de barba, recebe o manifesto. Ele é o representante oficial da juventude no G20.
Marcus Barão, terceiro da direita para esquerda, de barba, recebe o manifesto. Ele é o representante oficial da juventude no G20.
Foto: Bernardo Placidino

A Aliança de Juventudes por Governança Energética, com lideranças do Norte e Nordeste, realizou evento paralelo ao G20 Social, no morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro, e conseguiu entregar ao representante oficial de juventudes para o G20 um manifesto que começa com o seguinte poema:

            Nas veias abertas da América Latina

Latifúndios

Mineradoras

Hidrelétricas

De marco em marco eles nos zeram

Testam

Colonizam

Dizimam

Mercurizam

Perfuram

Alagam

Apagam

Logo nós os donos da energia

Palhaços

Fazemos o circo funcionar

Mas não provamos do pão

Ou melhor, do linhão

Excluídos de propósito das linhas de transmissão

Petróleo pra mim ou pro patrão?

Para o capital ou Marias e Joãos?

Não!

Não vamos deixar que nos perfurem com essas mãos

Que se enchem de sangue

Mas que no bolso está cheio de milhão.

                                                                      NÃO                  

Ativista acredita nos gestos da arte

Publicidade
Norah Costa, de Santarém, é educadora popular, cientistas e ativista. Teve a ideia do poema. “Esse é o papel da arte dentro da militância”, diz.
Foto: Arquivo pessoal

“A escolha de começar com poesia não foi por acaso. Ela rompe com a forma tradicional, aquela de se apresentar com um ‘olá, nós somos…’. É um chamado que impacta, uma abertura que sensibiliza e conecta”, diz Norah Costa.

A educadora popular, cientistas e ativista de 28 anos é de Santarém, Pará. Ela conta que o poema tem uma história. Nasceu da luta contra os grandes empreendimentos que cruzam o Norte e o Nordeste, como as hidrelétricas que passam pelas comunidades, mas não abastecem suas casas.

“Ele foi adaptado para dialogar com as falsas energias do petróleo, mas mantém sua essência: denunciar as injustiças e convocar a ação”, explica Norah Costa.

Representante do Y20 se surpreende

Publicidade
Jovens lideranças do Norte e Nordeste reunidos no Morro Santo Amaro, no Rio de Janeiro. Voz poética de evento paralelo chegou ao principal.
Foto: Bernardo Placidino

O manifesto foi entregue na tarde de sábado, 16 de novembro, a Marcus Barão, representante do Y20, um dos grupos oficiais de engajamento do G20, responsável pela articulação das juventudes.

“Vou levar essa pauta comigo para os próximos encontros de que vou participar”, declarou ao receber o manifesto. “É a primeira vez que vejo juventudes pautando transição energética”.

A entrega do manifesto demandou um corre. De uma comitiva de 25 jovens, apenas três conseguiram credenciais para entrar na plenária final. Entre as reivindicações está o fim da exploração do petróleo na Foz do Rio Amazonas.

Fonte: Visão do Corre
Curtiu? Fique por dentro das principais notícias através do nosso ZAP
Inscreva-se