O cantor MC Kauan, conhecido entre os seus fãs como Koringa, foi preso por suposto tráfico de drogas nesta terça-feira (23), em São Vicente, litoral de São Paulo. Com 31 anos, essa é segunda vez que o jovem funkeiro é preso pela mesma acusação.
Na primeira vez, em 2014, a polícia disse ter encontrado o artista com pinos de cocaína e frascos de lança-perfume em uma praia também em São Vicente. A versão policial de que o MC estava traficando sempre foi contestada por amigos e pela defesa de Kauan.
Vitor Hugo, diretor produtor da Veagá Filmes, produtora dos funkeiros da Baixada Santista, defende MC Kauan das acusações e crê em na sua inocência. Ele concorda com o artista, que durante entrevista à TV Tribuna, emissora afiliada da TV Globo na região, disse ser "mais um brasileiro" em uma "situação injusta".
“Inacreditável. Um menino bom, sem maldade, de família. Triste ver uma parada dessa. Em toda nossa convivência, nunca vi ele fazendo esse tipo de coisa [traficando drogas]”, relatou o produtor, que também questiona a prisão e afirma que o MC não tinha necessidade para cometer tal delito.
“Contraditório. Como que um MC, estourado, cheio de dinheiro no bolso, agenda cheia, trabalhando honestamente, vai vender droga na praia? Ele não precisava disso. Alguém fez isso com ele e tem de pagar”, completou Vitor Hugo, em entrevista ao Visão do Corre.
Ainda na noite de terça-feira, o Instagram do artista publicou um comunicado, assinado pela mãe e empresária do cantor, Nalva Mariz, dizendo que a prisão "trata-se de uma injustiça, pois, como é deconhecimento de todos, MC Kauan sempre trabalhou, sempre se dedicou à música, e nunca se envolveu em nenhuma atividade criminosa".
Artista da música
Antes de cantar funk, Kauan Mariz era roqueiro e já teve cabelos compridos. A mudança musical ocorreu pela comunidade em que vivia, na Baixada Santista. O funkeiro, então, começou a frequentar bailes funk escondido da mãe hoje empresária do artista.
O cantor se apresentou ao cenário do funk aos 13 anos, idade em que cantou pela primeira vez em um baile na Escola de Samba Unidos do Morro, localizada também em Santos.
Kauan começou fazendo sucesso pela Baixada Santista com os hits "Casa do Coreano" e "Touca Ninja". Já 2014, era um dos principais nomes do "funk ostentação" no Brasil. Ele ganhou o apelido de Koringa por se apresentar de cara pintada, com cabelo verde e boca vermelha, assim como o arqui-inimigo de Batman no filme "O Cavaleiro das Trevas".
O cantor e compositor, Luiz Felipe Amaral, mais conhecido como MC Amaral, define seu amigo Kauan como uma “pessoa gente boa, brincalhão. Diferente do que imaginam vendo o personagem de vilão que ele leva aos palcos”. Amaral também reforça que Koringa sempre foi focado na carreira e, além de cantor, se tornou um influenciador de gerações.
Concordando com o questionamento de Vitor Hugo, MC Amaral ainda apela para que a decisão seja revista. “Kauan tem uma ótima condição social, vende shows pelo Brasil inteiro com um cachê relativamente alto. Sem cabimento dizer que ele é traficante, ele sendo figura pública, com legião de fãs, achar que esteja vendendo droga em calçadão de praia”.
MC Kauan tem mais de 4 milhões de seguidores no Instagram. Fãs do funkeiro e páginas do ritmo compartilharam um vídeo feito pelo artista momentos antes de ser preso. “MC não é bandido”.
O artista também é conhecido por não fazer parte de nenhuma grande produtora ou empresa de agenciamento de carreiras. Ele trabalha com a mãe, que o empresaria, e tem a própria produtora, a Original Produção e Eventos.
Kauan também é um empreendedor de sucesso. Dono da marca de roupas Veneno de Cobra, o MC é proprietário de uma loja física em um shopping de Campinas, no interior de São Paulo, além de trabalhar com a venda de roupas masculinas e femininas pela internet.
Esposa do artista, Sabrina Rosa também usou as redes sociais para desabafar. “Ele está sendo acusado por algo que não fez. Ele é inocente, mas no Brasil, a Justiça é falha. Infelizmente. Vamos tomar todas as atitudes possíveis”.
A prisão de Kauan
O cantor foi preso enquanto comia em uma doceria em São Vicente. Segundo o mandado de prisão, a Justiça aceitou o recurso do Ministério Público de São Paulo e o condenou a quatro anos e dois meses de prisão em regime fechado. Segundo informações da imprensa local, o artista foi condenado em 2019, mas respondeu o processo em liberdade.
O jovem foi conduzido ao 1º Distrito Policial do município, e depois será encaminhado para uma penitenciária da região. O apelo da defesa de Kauan foi negado.