O Método Wolbachia consiste na introdução de uma bactéria nos mosquitos para impedir a transmissão de doenças. O Rio de Janeiro, que adotou o método desde 2014, expande o programa para o centro da cidade, Caju e Ilha de Paquetá. Nas áreas onde os mosquitos inoculados com bactérias foram soltos, houve redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika
O Rio de Janeiro expande para o centro da cidade, Caju e Ilha de Paquetá o método de combate à dengue, zika e chikungunya soltando mosquitos com uma bactéria que impede a transmissão do vírus, substituindo gradativamente os transmissores por insetos incapazes de passar doenças. É o Método Wolbachia.
Hoje, 3 de abril, transitando com veículos da Secretaria Municipal de Saúde, agentes soltarão mosquitos inoculados com bactérias, digamos, sabotadoras, no centro do Rio de Janeiro. Amanhã, será a vez da Ilha de Paquetá.
A primeira soltura da expansão para três locais começou nas proximidades da Clínica da Família São Sebastião, no bairro do Caju. Os mosquitos foram soltos nas ruas e em pontos estratégicos, como o Cemitério São Francisco Xavier.
O que é o Método Wolbachia?
A bactéria chamada Wolbachia é encontrada naturalmente em cerca de 60% de todas as espécies de insetos. Introduzidas em mosquitos Aedes aegypti, torna-os incapazes de transmitir a dengue, zika e chikungunya.
A bactéria manipula a reprodução dos insetos em que está presente. Conforme vão nascendo, o número de mosquitos incapazes de transmitir doenças aumenta rapidamente, até que sejam maioria.
O Rio de Janeiro, que usa métodos diferenciados, como peixes comedores de larvas de mosquitos da dengue, é a cidade brasileira com maior presença do Método Wolbachia.
A previsão oficial é proteger 1,5 milhão de pessoas no município, cobrindo a região central e a Zona da Leopoldina, com alta incidência de casos e grande densidade populacional.
Brasileiro participou da descoberta
A solução da bactéria inoculada no mosquito foi descoberta por Luciano Moreira, da Fiocruz, e cientistas da Monash University, em Melbourne, Austrália. No Rio de Janeiro, o Método Wolbachia é desenvolvido através de parceria entre a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o World Mosquito Program Brasil (WMP Brasil) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) do Rio de Janeiro.
Os trabalhos de campo começaram em 2014, em Tubiacanga, na Ilha do Governador. Além da capital, os mosquitos não-transmissores estão em Niterói. Neste ano, os dados mostram redução de cerca de 70% dos casos de dengue, 60% de chikungunya e 40% de zika.
“Esses números estão publicados em artigo científico e corroboram com dados de outros países”, compara o coordenador do programa no Brasil, Luciano Moreira.
Outras cidades brasileiras com mosquitos inoculados por bactéria Wolbachia são Campo Grande (MS), Belo Horizonte (MG) e Petrolina (PE). As liberações nessas cidades foram concluídas no final de 2023. O método está sendo aplicado em 14 países, alcançando quase 11 milhões de pessoas.