Na região do Complexo de Israel faltam áreas de cultura e lazer. A comunidade poderia se beneficar da estrutura que tem lago, piscina, academia, churrasqueira, entre outras edificações que o Estado nunca construiu na comunidade.
É inacreditável que as forças policiais do Rio de Janeiro tenham destruído o que está sendo chamado de resort do traficante Peixão, no Complexo de Israel, em Parada de Lucas, no Rio de Janeiro. Por que não deixar a área para a comunidade usar?
A destruição é mais inacreditável ainda – e contraditória – porque os equipamentos da academia que existiam no resort foram levados à Cidade da Polícia, onde serão usados para treinamento dos agentes.
Por que os equipamentos podem ser reaproveitados, e o resort, não?
A região é periférica, carente de áreas de lazer e cultura. O Complexo de Israel, na zona norte do Rio de Janeiro, inclui a Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Cinco Bocas e Pica-Pau. É quebrada, comunidade, favela.
O Estado foi incapaz de construir qualquer equipamento semelhante na região. O Resort Green, como era chamado, tem, quer dizer, tinha: lago, piscina, academia, ambientes climatizados, espaço para churrasco, uma mansão.
Já imaginou a comunidade, sempre oprimida pelo crime, podendo nadar, fazer churrasco, usar as dependências para atividades educativas e culturais? Mas não; o Estado precisou demonstrar sua força, levou máquinas e derrubou tudo.
Nas transmissões ao vivo de canais de televisão aberta, que deram enorme espaço para a operação policial, jornalistas subservientes até ensaiaram questionar a demolição, mas não passou disso.
No clássico A Arte da Guerra, do general chinês Sun Tzu, escrito quatro séculos antes de Cristo, o autor enfatiza a importância de controlar as emoções e usar a razão para alcançar a vitória.
Por enquanto, o Estado vem perdendo a guerra. E, apesar do estardalhaço, Peixão ainda não foi preso.