Refugiados passam por órgãos de assistência e encaminhamento, precisam obter documentos como CPF e carteira de trabalho, fazer cadastro em programas sociais, preencher pedidos de residência ou refúgio, entre outros trâmites. Nos abrigos, poderão se estruturar para recomeçar a vida.
A maioria dos refugiados chega ao Brasil pelo Aeroporto Internacional de São Paulo, localizado em Guarulhos. Desembarcam na cidade vizinha à capital paulista e, ainda no aeroporto, cumprem algumas etapas burocráticas até irem para abrigos.
Primeiro, passam por três órgãos de assistência e encaminhamento onde agentes sociais são responsáveis por iniciarem a documentação. Refugiados precisam de CPF, carteira de trabalho, cadastro em programas sociais, preenchem pedidos de residência ou refúgio, protocolos para a Polícia Federal, entre outros trâmites.
No caso de famílias, é preciso providenciar matrículas para crianças em idade escolar. Quem precisa de tratamento médico, segue para a UBS mais próxima. Também são os agentes sociais que encaminham refugiadas e refugiados a casas de acolhimento.
“As crianças têm mais facilidade em se adaptar graças às escolas. O convívio com outras crianças ajuda a quebrar a barreira do idioma, elas aprendem de forma mais lúdica”, diz Luiza Marins, coordenadora do abrigo Povos Fraternos, em Guarulhos.
Na periferia, dois abrigos recebem refugiados
O abrigo Povos Fraternos existe há cerca de um ano e meio. É um dos programas do Serviço Social Batuíra, em parceria com a prefeitura de Guarulhos e a agência da ONU para refugiados (ACNUR).
Acolhem afegãs e afegãos fugidos do talibã. Quase 600 pessoas passaram por lá, de homens solteiros e núcleos familiares. Atualmente, o Povo Fraternos atende 70 refugiados.
O abrigo tem duas unidades no Jardim Cumbica, periferia de Guarulhos. Em uma, homens solteiros moram juntos, com quartos compartilhados e beliches. A outra unidade é dedicada a núcleos familiares. Nela há quartos compartilhados e com suítes, para famílias maiores.
As duas unidades são próximas e na vizinhança há escolas da rede pública, UBS, mercados e áreas de lazer, como praças e quadras de futebol.
No abrigo, há cursos profissionalizantes de barbeiro, cabeleireiro e manicure. E aulas de português e cultura brasileira. A coordenadora Luiza Marins conta que os afegãos gostam das reuniões e dos costumes, e “no carnaval me mandavam vídeos nos bloquinhos”.
O período de permanência é de seis meses, mas em geral as pessoas acolhidas saem antes. Em média, refugiados levam de três a quatro meses até alugar uma casa e começar uma vida independente.