Após dois dias de operações em áreas do complexo de favelas da Maré, policiais intensificam o policiamento nos acessos à comunidade. Estão mobilizados agentes do Comando de Operações Especiais (COE), 22° BPM (Maré) e Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE).
A operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro, iniciada em 11 de junho, terminou oficialmente no complexo de favelas da Maré no início da tarde de 12, quarta-feira, mas a PM continua cercando a comunidade no dia 13.
Agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) estão “intensificando o policiamento” nos acessos à Maré, informa a porta-voz da Polícia Militar do Rio, tenente-coronel Cláudia Moraes.
Há ainda policiais do Comando de Operações Especiais (COE) e do 22° BPM (Maré). Eles estão atuando desde a altura do conjunto Esperança, vizinho da Fiocruz, até o Parque União, próximo à Linha Amarela – além dela, a Maré é margeada pela Linha Vermelha e Avenida Brasil.
Na tarde do dia 13, pelo menos dois veículos blindados (caveirão) vieram ao local onde o sargento Jorge Henrique Galdino Cruz, do Bope, foi morto dia 11. O local é no Timbau, uma das 16 áreas da Maré, próximo à Avenida Guilherme Maxwell.
Operação deixa mortos, feridos e prejuízos
“A gente está apreensivo. Mas, infelizmente, para os moradores, não há tempo para o luto, para ficar preso ao medo. A gente precisa retomar a vida e tentar seguir em frente, catar os cacos desses dois dias de terror”, diz Liliane Santos, nascida e criada na Baixa do Sapateiro, área do complexo de favelas da Maré.
Ela é pesquisadora com título de mestrado. Coordena os assuntos de segurança pública e acesso à justiça da Redes da Maré, organização de moradores que existe há mais de vinte anos.
“Qual a eficácia dessa metodologia de trabalho? Temos operações policiais há vinte anos, sem impacto significativo no crime da região. A gente entende que não é eficiente”, diz Santos.
Ela cita 44 escolas fechadas e três unidades de saúde fechadas em dois dias de operação. A Clínica da Família Adib Jatene foi atingida. “Famílias que tinham consulta médica agendada, vão ter que esperar mais de um mês para acessar o serviço de saúde”.
Segundo a Polícia Militar do RJ, “toda a movimentação e mobilização ocorrem de maneira planejada e estratégica”.