Pouco conhecida, busca ativa facilita adoção fora do padrão

Há vários procedimentos para aproximar pretendentes, sobretudo de quem vai ficando para trás na fila de adoção

2 abr 2024 - 05h00
Resumo
Existente há 18 anos, a busca ativa é um mecanismo ágil e eficiente para realizar a adoção de crianças e jovens. É especialmente útil àqueles que são preteridos por terem mais idade, irmãos e serem pretos. Autorização judicial é obrigatória para realizar busca ativa, intermediada por equipes técnicas e grupos de apoio à adoção, que mobilizam de aplicativos a grupos de mensagem.
Crianças negras: quanto mais velhas, menos são escolhidas para adoção. Busca ativa enfrenta essa realidade excludente
Crianças negras: quanto mais velhas, menos são escolhidas para adoção. Busca ativa enfrenta essa realidade excludente
Foto: Kindel Media

Crianças e jovens sem família, sobretudo os preteridos para adoção – meninos mais velhos, mais negros e com mais irmãos – podem ser adotados através da chamada “busca ativa”, que facilita a aproximação de pretendentes. Existe há 18 anos, mas a possibilidade é pouco conhecida.

“Ao contrário do que muitos acreditam, não se trata de um movimento que os pretendentes à adoção fazem no intuito de encontrar filhos no perfil desejado”, alerta Jussara Marra, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção. O perfil desejado é de menina, o quanto mais nova possível, branca e sem irmãos.

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A busca ativa obedece a procedimentos legais previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e só acontece com autorização judicial. Não serve para passar pretendentes à frente na fila de adoção, mas “promove encontros entre famílias e crianças maiores, adolescentes, grupos de irmãos ou crianças com problemas de saúde”, explica Vera Cardoso, cofundadora do Grupo de Apoio à Adoção Conviver, de Goiânia.

Para Jussara Marra, presidente da Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção, busca ativa combate o preconceito
Foto: Divulgação

Busca ativa não é “grupo de cegonhas”

A busca ativa não é uma ferramenta de aceleração do processo de adoção, mas de ampliação de possibilidades. Ajuda, sobretudo, crianças e adolescentes dos perfis menos procurados por adotantes.

São crianças que passaram pela primeira infância, acima de 6 anos de idade, e grupos de irmãos, adolescentes, neurodivergentes ou como alguma doença.

Quem realiza a busca ativa é o setor técnico da Varas da Infância e Juventude e os grupos de apoio à adoção, mais de 200 no Brasil, em parceria com a Justiça. Mobilizam desde aplicativos autorizados pelos tribunais, até grupos de mensagens.

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Cerimônia de comemoração aos 33 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que ampara procedimentos legais para busca ativa
Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/AB

Há alguns anos, existiam iniciativas que se intitulavam “cegonhas”, mas elas não têm nada a ver com a busca ativa. Esses grupos não tinham nenhum tipo de ação na preparação para adoção, nem no acompanhamento posterior.

Informações são trocadas por grupo de mensagens

A Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção tem um grupo de WhatsApp para troca de informações. Mas, antes de qualquer interpretação apressada, atenção à explicação de Vera Cardoso.

“A busca ativa que ocorre em nível nacional. As informação de crianças e adolescentes disponíveis são colocadas e o técnico da vara de infância ou o coordenador do grupo de adoção repassa essa busca para os seus contatos”, explica a ativista de Goiás.

Vera Cardoso, cofundadora do Grupo de Apoio à Adoção Conviver, de Goiânia, lembra que a busca ativa é autorizada judicialmente
Foto: Divulgação

A família que se mostrar interessada, encaminha a tramitação na Justiça. Ainda segundo Vera Cardoso, no grupo de mensagem “não circulam informações aleatórias, nem ninguém procura criança e adolescente dentro de instituição de acolhimento. Somente encaminhados pelo Judiciário”, deixa ainda mais claro.

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Recentemente, o Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento passou a disponibilizar ferramentas específicas para busca ativa. Ela também continua sendo realizada por equipes técnicas e grupos de apoio à adoção.

Há ainda aplicativos e programas que vem ganhando força, como o A.dot e o Adote um Boa-Noite, do Tribunal de Justiça de São Paulo.

Fonte: Visão do Corre
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