O projeto ‘Segundo Tempo’ busca democratizar o acesso à prática e à cultura do esporte de forma a promover o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes da favela do Acari, no Rio de Janeiro, como fator de formação da cidadania e melhoria da qualidade de vida, prioritariamente em áreas de vulnerabilidade social.
O programa atua diretamente com cerca de 100 estudantes. Protegidos do perigo das ruas, longe da violência urbana, crianças e adolescentes protagonizam uma realidade bem diferente. Nesse novo cenário de vida motivado pelo esporte, encontram o apoio de pessoas que encontram na inclusão sua bandeira de luta. É o caso de Vera Lúcia da Conceição, 56 anos. Educadora voluntária, conhecida pelos jovens como Tia Vera, esta ocupa o lugar de "supermãe" no coração dos alunos.
Na favela desde 1979, Vera é responsável pelo Centro Comunitário Educativo Senhor do Bonfim, onde funciona um dos 77 núcleos do Programa Segundo Tempo, em parceria com a Conferência das Inspetorias das Filhas de Maria Auxiliadora, que atende a 7,7 mil estudantes carentes do país.
Além de conhecer de perto as necessidades da comunidade, Vera é peça fundamental para o processo de socialização dos jovens do Segundo Tempo. O carinho, a atenção, o abraço caloroso e o sorriso contagiante fazem diferença para que a garotada carente de afeto se sinta em casa e em família.
Casada, mãe de dois filhos e avó de dois netos, Vera do Acari perdeu a conta das vezes em que presenciou alunos ficando semanas inteiras sem ver as mães, que trabalham fora. Há também casos de crianças que moram com outros parentes e sequer conhecem os pais.
Para a estudante Fernanda Mendes de Souza, o esporte e os conselhos de Tia Vera são muito importantes. Filha de um ambulante dono de barraquinha de doces e de uma dona de casa, a menina de 12 anos é determinada e mostra que sabe o que quer da vida. "Moro com meus pais e cinco irmãos. Vou continuar praticando muito vôlei e futebol e seguir estudando porque quero ajudar minha família”.
O Programa Segundo Tempo também conta com a determinação e o compromisso da pedagoga Luzia Florentino, do educador Rogério Marcolino Valdivino e da professora Leila Bazete. Sob os cuidados desses profissionais, os alunos recebem diariamente reforço escolar e praticam futsal, vôlei e basquete.
A recreação conta com queimada, peteca, pula-corda, xadrez, dama e dominó. Aulas de italiano, ministradas por Elizabeth Manhães e de violão, com Rita Cristina de Jesus, fecham a lista de atividades.
Ao completarem 16 anos, rapazes e moças são encaminhados para o mercado de trabalho. Começam na função de auxiliar administrativo, por meio do projeto Menor Aprendiz, do governo federal. Muitos já passaram da fase de estagiários e foram contratados por empresas parceiras.
Podem ser parceiras as entidades públicas de todas as esferas (municipal, estadual, distrital e federal) e instituições públicas de ensino superior. Também podem se tornar parceiras as entidades privadas sem fins lucrativos (Lei nº 13.019, de 31 de julho de 2014).