“Viro princesa”, diz gari que faz teatro para educação ambiental no RJ

Grupos teatrais de funcionários da limpeza urbana têm 25 anos de atuação e realizaram mais de 12 mil apresentações

23 jan 2025 - 15h27
Resumo
Chegando de Surpresa e Teatro de Portas Abertas usam encenações e músicas para levar conscientização ambiental a praias, praças, ruas e, sobretudo, escolas. Também contam com participações especiais, de Cauã Reymond a gari-sambista Renato Sorriso.
Trabalho de conscientização em praias diminuiu o tempo de trabalho no Pontal. As cinco horas de limpeza caíram para duas.
Trabalho de conscientização em praias diminuiu o tempo de trabalho no Pontal. As cinco horas de limpeza caíram para duas.
Foto: Divulgação

Imagina o Cauã Reymond pedindo para você não jogar lixo na praia. Ele fez isso como convidado dos grupos teatrais nos quais os protagonistas são funcionários da Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), do Rio de Janeiro.

Os grupos Chegando de Surpresa e Teatro de Portas Abertas existem há 25 anos. Foram criados para conscientização ambiental, afinal, quem melhor do que os garis para falar de limpeza urbana?

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As duas trupes reúnem uma dúzia de garis da Comlurb, que desempenham papel fundamental em praias, praças, ruas e, sobretudo, escolas – são visitadas de duas a três por dia, através do programa Escola mais Consciente.

à frente na foto, Maria de Lourdes Reis e Silva, 59 anos, gari e atriz. Ela adora atuação e improvisos.
Foto: Divulgação

“Trabalhar com crianças é muito prazeroso. Eu me transformo em princesa, uso coroa e tudo. É uma super experiência, eu amo o que estou fazendo agora”, diz Maria de Lourdes Reis e Silva, 59 anos, conhecida como Flor.

“Eu adoro esse improviso”, diz ator

Flor faz parte dos grupos teatrais há dois anos. Carlos Alberto dos Santos, um pouco mais experiente na vida e nos palcos, tem 74 anos, 40 de Comlurb e 16 de atuação no grupo Teatro de Portas Abertas.

Começou por acaso, cobrindo a ausência de um membro. “O pessoal achou que eu tinha jeito para a coisa e perguntou se eu podia cobrir essa falta. E estou lá desde então”, conta.

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Nas ações em escolas, crianças são atraídas pelo espetáculo, aprendem e passam a cobrar ações corretas dos adultos.
Foto: Divulgação

“Eu adoro trabalhar com o improviso do teatro. A gente tem um roteiro, mas normalmente acaba mudando por conta da interação com o público, as crianças”, diz Carlos Alberto dos Santos.

Além de gostar de improvisar, “é muito gratificante ensinar as crianças, passar mensagens relacionadas ao meio ambiente. Acho muito importante o trabalho que fazemos”, diz o gari e ator.

Mais de 12 mil apresentações

Os garis dos grupos teatrais são funcionários da limpeza, mas a atuação é um trabalho igualmente relevante. Leva conscientização e gera conteúdo comunicacional, com vídeos e fotos veiculados nas redes sociais.

No ano passado, foram 500 apresentações. Nessa média, em 25 anos, passaram de 12 mil. Segundo a coordenadora de Comunicação Integrada da Comlurb, Ana Rebouças, é difícil mensurar os resultados obtidos pela atuação dos grupos teatrais. Mas ela tem um exemplo.

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Garis e atores do grupo Chegando de Surpresa. Horário de trabalho é dividido entre limpeza e apresentações.
Foto: Divulgação

Na Praia do Pontal, o trabalho junto aos banhistas economizou três horas de limpeza – demorava cinco, passou para duas. Nas praias, praças, ruas e, principalmente escolas, as crianças são o público preferencial.

“É um sucesso. Criança é super multiplicador, chega em casa e cobra do pai, da mãe. Ela tem esse poder de assimilar a informação e passar adiante”, diz a coordenadora de comunicação da Comlurb.

Convidados especiais

Não é só Cauã Reymond que cola como convidado dos grupos Chegando de Surpresa e Teatro de Portas Abertas. Astros como Kadu Moliterno e Renato Sorriso, o gari sambista mais popular do carnaval do Rio de Janeiro, chegam junto.

O gari, sambista e ator Renato Sorriso costuma participar das apresentações com os grupos teatrais da Comlurb, como convidado especial.
Foto: Agência Brasil

Em ações nas escolas, Sorriso alegra, mas também fala sério sobre a importância da educação, não só ambiental. Conta que repetiu a terceira série cinco vezes, que os professores fizeram falta na sua vida, relata o esforço para se formar em Turismo.

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“Falo minha verdade no palco”, diz Sorriso. Segundo ele, quando o assunto é educação ambiental, “o gari tem mais consciência de que alguém estudado”. Para despertar essa consciência, uma das ações teatrais é sujar o ambiente das escolas onde a peça acontece.

Em seguida chegam os garis-atores e vão encenando o espetáculo de limpeza e conscientização “O planeta é meu, seu, é de todos. Eu trabalho com lixo, mas sou luxo”, diz Sorriso, repetindo um dos bordões que costuma dizer em cena.

Fonte: Visão do Corre
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