Caro é o açougue: ser vegano é barato e acessível

Fazer parte de uma revolução que inclui os animais e o meio ambiente de forma pragmática é acessível, barato e urgente.

30 mar 2023 - 05h00
(atualizado às 14h16)
Foto: VeganoPeriférico

Sim! Ser vegano é muito barato, acessível e o que encarece as compras das famílias brasileiras é a carne, o açougue. O veganismo ainda é visto como um movimento elitista, algo como um grupo exclusivo, um movimento feito para pessoas ricas, só que isso é algo batido e ultrapassado.

Na realidade mesmo, fora do Instagram, das imagens de blogueiras que se dizem veganas, fora dos pequenos armazéns que vendem comidas fitness e orgânicas, existe um veganismo real, de pessoas reais e é possível e acessível à maioria da população.

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Na verdade, muita gente confunde comida chique e fitness com comidas veganas. Vocês podem ter certeza que a maioria das pessoas que compram em estabelecimentos de comida natural, digo essas pequenas lojas caríssimas, nem veganas são.

Quem é vegano mesmo no dia a dia costuma comprar vegetais, comer arroz, feijão, macarrão, coisas simples, que no final do mês não pesam tanto quanto pesa o açougue.

Quando paramos de comer animais e derivados, o que nos surpreendeu foi o quanto passamos a economizar, e não estávamos entendendo por que as pessoas que comem carne estavam dizendo que ''ficamos chiques'', sendo que elas estavam gastando o dobro comprando carnes e produtos de origem animal. Claro que tem uma explicação cultural, porém, estamos nos referindo apenas ao preço. 

O que uma pessoa gasta em 2 kg de carne que dura uns 3 ou 4 dias, compramos vegetais para comer por uma semana inteira. Além de ser bem mais barato, é muito mais saudável e benéfico a curto, médio e longo prazo. Foi libertador ter abandonado o consumo de animais, é impressionante o quanto nossa saúde mental, financeira e física melhorou.

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Foto: VeganoPeriférico

Quando íamos ao açougue deixávamos o rim para comprar poucas peças de carne, pouquíssimos quilos de animais já deixavam o preço altíssimo, mas fazíamos de tudo para ter carne em casa, até se endividar. É um pouco contraditório dizer que o veganismo é caro, taxar ele como um estilo de vida inacessível não condiz com a realidade.

Qualquer estilo de vida, sendo ou não vegano, pode ser inacessível. Esse veganismo baseado em ultraprocessados caríssimos, queijos, leite vegetal de caixinha não representa o todo e muito menos a maioria. Um dia esses produtos podem até baratear, mas ainda não é o caso. E também existem produtos de origem animal que são extremamente caros e inacessíveis para a maior parte da população.

Foto: VeganoPeriférico

Com a popularização do veganismo, da alimentação a base de alimentos como grãos, cereais, frutas, legumes e vegetais, a tendência é as pessoas começarem a perceber que é muito melhor cortar o consumo de carne e investir numa alimentação vegana. Por isso, a informação e as políticas públicas são tão importantes. Porque sem o mínimo (água potável, saneamento básico, acesso à internet, entre outros) mesmo com informação ninguém pode fazer nada.

Poderíamos enquadrar uma parte do veganismo como intelectualmente elitista, pois nem todos têm a possibilidade de acessar informações de qualidade e desenvolver um senso crítico com discernimento, consciência e ter motivação e autonomia para mudar.

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Porém, quando se trata de acessibilidade e despesas, o veganismo fica muito mais barato do que consumir carnes e produtos de origem animal. 

Se liga: 

O povo precisa poder comprar carnes, precisa ter acesso e poder aquisitivo para fazer o que quiser, para a partir disso utilizar a consciência e a informação para então, optar não consumir mais determinados produtos, porque deixar de comprar porque não tem dinheiro se enquadra em algum grau de insegurança alimentar.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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