Comprar animais é uma prática ultrapassada e desnecessária 

Adotar é a forma mais correta de ter animais em casa, até porque nenhum ser vivo deve ser tratado como objeto ou coisa.

31 jan 2023 - 05h00
Foto: CanvaPro

Andando pelas ruas de qualquer cidade, seja grande ou pequena, nos deparamos com animais abandonados, em situações deploráveis. É no mínimo lamentável e triste se deparar com isso o tempo todo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), atualmente no Brasil, cerca de 30 milhões de animais estão abandonados, sendo aproximadamente 20 milhões de cães e 10 milhões de gatos.

A maioria dos abrigos que resgatam animais estão superlotados e sem condições de praticar mais resgates (ainda mais devido à pandemia). Protetoras e protetores de animais estão sobrecarregados, cansados e endividados, limitando a proteção de animais. O cenário dos animais de rua é um desastre e a situação dos protetores é lastimável.

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Mesmo com esse cenário de completo abandono e descaso, a comercialização de pets no Brasil cresce a cada ano, o que é um contrassenso. Milhares de pessoas que poderiam adotar e proteger esses milhões de animais abandonados ou resgatados, preferem comprar e pagar fortunas em animais ‘’de marca’’, animais com um certo padrão de tamanho, tipo de pelo, cor e estilo, animais criados para serem agradáveis aos humanos.

É possível notar em todas as classes, mas essencialmente na classe média e alta, uma necessidade em possuir um cachorro ou um gato de raça. A obtenção desses pets é considerado um artigo de luxo, como uma joia, puro status. Essa ânsia em ter um animal comprado e a necessidade em exibir um pet caro e ''elegante'', resulta em dor e sofrimento a diversos animais abandonados e expostos ao frio, chuva, fome e desamparo.

Porém, os animais de rua não são os únicos que sofrem com esse mercado. Talvez você não saiba, mas os animais comercializados (animais de raça), foram pensados e desenvolvidos pelos seres humanos, visando uma certa estética para agradar os gostos dos animais humanos.

Outro fator importante, que muita gente não sabe: em sua grande maioria os animais de ‘’raça pura’’ desenvolvem mais facilmente doenças, sofrem com problemas respiratórios e problemas oculares.

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Os pugs, por exemplo, sofrem constantemente com problemas oculares e, principalmente, com problemas respiratórios, resultado do cruzamento entre o Lo-sze, o Pequinês e o Lion Dog.

Os Buldogues e os Shih tzu também sofrem com problemas respiratórios. O que explica isso são os cruzamentos realizados com o intuito de desenvolver ‘’raça pura’’, e acaba resultando em uma série de anomalias genéticas que influenciam negativamente a saúde dos animais.

Essas três raças aqui expostas são consideradas braquicefálicas, ou seja, animais com o focinho achatado. As raças braquicefálicas são raças que estão constantemente relacionadas a problemas oculares e respiratórios por conta de suas características anatômicas. A palavra ‘braquicefálica’ é originada da junção de ‘’brachys’’ que vem do grego ‘’curta distância’’ e cefálico ‘’cabeça’’.

Além disso, muitos pet-shops que vendem animais, mantém uma produção e gestação totalmente anormal, o que é completamente prejudicial às fêmeas que são forçadas a parir de maneira frequente. Não há respeito pelos cachorros e gatos, é só uma mercadoria que precisa gerar lucro para quem vende, e proporcionar status e bem-estar para quem compra.

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A compra de animais e toda essa economia voltada para os pets de luxo é ruim em todos os sentidos, tanto para os considerados ‘’vira-lata’’, quanto para esses animais de ‘’raça pura’’. Os animais não devem ser tratados como mercadoria, como moeda de troca, não é nada ético lucrar com a venda de um ser vivo.

Pega a visão:

Além do apoio do poder público, das prefeituras, governos e parlamentares, a castração, a vacinação e adoção são as melhores formas de reduzir o número de animais nas ruas ou em situação de maus-tratos. Cabe a nós refletirmos e tomarmos consciência de que quando adotamos ou desejamos ter um animal sob nossa tutela, é preciso considerá-lo como um ser vivo, não como um brinquedo ou algo apenas para nos satisfazer.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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