Descubra: Exploração animal onde você nem imagina

Enquanto compramos e consumimos, nem imaginamos que em alguns casos estamos comendo ossos, peles, ligamentos, cartilagem e até insetos

9 ago 2022 - 05h00
Foto: CanvaPro/Vegano Periférico

Uma vez um repórter nos perguntou o que o veganismo significava para gente, a primeira coisa que veio na cabeça foi: ''O veganismo foi o único movimento que de fato nos fez pensar e refletir antes de comprar ou adquirir qualquer coisa. Foi o único que nos fez ficar atentos ao entrar num supermercado/loja e saber o que estamos levando para casa, com o que estamos contribuindo''.

Antes do veganismo, nosso consumo era automático e geralmente condicionado por publicidades. Não tínhamos preocupações com a exploração animal, quem dirá pensar que poderia ter ingredientes animais na maior parte dos produtos e alimentos vendidos no supermercado.  Passamos mais de 20 anos sem refletir sobre isso, até que começamos a acessar determinadas informações que abriram os nossos olhos.

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É impressionante o quanto os animais são usados na indústria de diversas maneiras, sem o menor consentimento. Esses bichos são utilizados para testes no meio científico, são explorados na indústria da moda (couro, pele, seda), seus derivados são utilizados para tornar os alimentos mais consistentes e/ou mais coloridos. São tantas formas de se aproveitar dos animais que acabamos nem percebendo haver exploração nos produtos que compramos no dia a dia, e realmente é difícil. Nesta coluna vamos elencar alguns exemplos.

Gelatina:

Desde moleque que a nossa mãe fazia gelatina para nós, praticamente toda semana tinha na geladeira, lembro até a ansiedade de pegar ainda quente e líquida e ela dizendo ''não mexe, ainda não tá pronta''.

A tradicional gelatina não aparenta ser o que é. Realmente é difícil imaginar que na produção daquele pó incolor e solúvel se utilizam ossos, cartilagem, ligamentos, pele de boi ou porco e até tendões que sobram da indústria da carne.

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Cerda Animal (pincel):

Esses tempos eu fui comprar um pincel para pintar a casa, comprei sem olhar e chegando em casa fui dar uma lida no produto, confesso que não sabia de nada, mas duvidei, e a primeira coisa que eu li foi ‘’cerda animal’’. Pensei: ‘’nossa, cerda animal, que estranho… vou pesquisar sobre.’’ Ao fazer uma pesquisa rápida acabei por descobrir mais uma forma de exploração animal, e fui devolver o pincel e pegar um sintético.

Diversos animais vivem aprisionados sendo tratados de maneira cruel, tudo isso para que os pelos dos animais possam ser usados por algumas empresas na produção de pincéis, escovas, etc.

Os animais mais usados na indústria da produção de cerda são martas, gambás, doninhas, esquilos, coelhos, pôneis, cabras, vacas, porcos, bois e cavalos. 

Por exemplo, os pincéis feitos com pelos de Marta são os pincéis mais requisitados no mundo artístico, e para que esse pincel seja produzido as martas ficam em jaulas enormes e são mortas para servirem a indústria dos pincéis. Além das Martas, as outras espécies também passam pelo mesmo processo.

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Corante alimentício vermelho (Carmim de Cochonilha)

Só fomos descobrir do que se tratava essa tal de Cochonilha depois de um ano sendo vegetarianos, até então nem olhávamos para isso.

O corante vermelho, conhecido como Corante Natural Carmim de Cochonilha é extraído dos corpos das fêmeas, que contém até 25% do seu peso seco como cor.

Os insetos são mortos por imersão em água quente e depois secos ao sol ou em forno até atingirem aproximadamente 30% de seu peso original. O que chama a atenção são os números, para produzir 14,5 Kg do extrato, são necessários cerca de 5 milhões de insetos.

Alimentos industrializados vermelhos e produtos em geral com a cor vermelha podem ter o corante Carmim de Cochonilha, atenção para como esse corante se apresenta nas embalagens:

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– Em cosméticos, pode aparecer como CI 75470

– INS 120

– Corante Natural Carmim de Cochonilha

– Corante Natural Ácido Carmínico

– Corante natural vermelho 40

Amaciante de roupas:

Há alguns anos enviamos um e-mail para uma empresa que não realiza testes em animais, para saber quais os produtos continham ingredientes de origem animal, e o amaciante era um deles.

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Praticamente todos os amaciantes de roupas utilizam o Quaternário de Amônio, que é uma matéria-prima derivada de gordura animal. Esse é um detalhe que passa despercebido até para pessoas que combatem a exploração animal no seu dia a dia e estão por dentro dos debates sobre os Direitos dos Animais.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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