É por esse motivo que nunca vou deixar de ser vegano

Esse é o motivo principal pelo qual eu nunca vou deixar de ser vegano, e que me motiva todos os dias.

21 set 2023 - 10h39
Foto tirada em uma visita ao Santuário Terra dos Bichos
Foto tirada em uma visita ao Santuário Terra dos Bichos
Foto: Vegano Periférico/Nicole Zabukas

A cada ano que passa a motivação para não consumir mais produtos de origem animal só aumenta. Já se passaram quase 9 anos desde que adotei uma alimentação baseada em alimentos vegetais e sem utilizar absolutamente nenhum produto de origem animal.

Antes de me tornar vegano eu gostava muito de churrasco, carne, leite, ovos e derivados de animais, foram 19 anos consumindo esses produtos e sempre gostei, não tinha frescura para comer não, o sabor, a textura nunca foram problemas. Me tornei vegano por uma questão política e por um sentimento de justiça. 

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Hoje, sentar à mesa para fazer uma refeição tem outro significado, pois estou consciente do que coloco no prato, escolho cada alimento de forma pensada e faço preparos maravilhosos sem utilizar nada de origem animal. E não deixei de consumir por não gostar de produtos de origem animal. 

Mas é claro que teve muitos momentos desafiadores nesses quase 9 anos. Principalmente na hora de frequentar eventos, churrascos, festas e comemorações em que simplesmente não tinha o que comer, era só produto de origem animal. A gente faz nosso rango para levar e raramente ficamos sem comer.

Em alguns casos, além de enfrentar a dificuldade de não ter opção alguma para comer, tinha os comentários, as perguntas, as piadas, entre outras coisas. Tem pessoas curiosas que querem saber sobre o assunto, só que também tem os intolerantes. 

Além disso, alguns amigos e amigas deixam de convidar para confraternizações, porque não sabem o que fazer e aí acabam excluindo quem não come nada de origem animal. E basta apenas uma pesquisa e/ou uma conversa sincera.

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Frequentar sorveterias, padarias, docerias, entre outras coisas, que todo brasileiro e brasileira ama realmente fica mais complicado para quem não consome nenhum derivado do leite e do ovo.

Tornar-se vegano em um país que está extremamente acostumado com produtos de origem animal é difícil. Porque a cultura está enraizada, as opções para quem não come animais é bem pequena, até em saladas as pessoas costumam colocar queijo.

Apesar de encontrar produtos não testados em animais com preços acessíveis em todo canto do Brasil. Em algumas regiões, é muito mais difícil ter acesso fácil a esses produtos, o que torna a transição um pouco mais desafiadora.

Mas apesar de tudo isso, o motivo que eu nunca vou deixar de ser vegano é pelo fato de que os animais sofrem e são completamente explorados. Os animais são submetidos a tortura, mutilação, castração a sangue frio, inseminação artificial, encarceramento, choque elétrico, privação de liberdade.

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E tudo para agradar o paladar humano, para nós consumirmos pedaços de carne ou tomarmos um copo de leite de manhã. Não é o meu paladar, ou o meu desejo que vai superar a minha compaixão por seres tão dóceis e inofensivos, que são submetidos diariamente a um terror industrial.

Quando eu entendi que os animais não são produtos e a indústria da carne não é algo natural, eu nunca mais tive vontade de praticar esse hábito.

Não sou melhor do que ninguém por evitar comer e utilizar produtos oriundos de sofrimento animal, não me sinto mais iluminado ou superior por isso, mas consumir animais e derivados fez parte do meu passado, mas não faz do meu presente e, muito menos, fará parte do meu futuro.

Portanto, não importa a dificuldade que eu vá encontrar, consumir animais não é uma opção, até porque se eu não desejo isso para nenhum ser humano e condeno qualquer tipo de crueldade e violência, não faz sentido ignorar a exploração de animais inocentes em matadouros, granjas, fazendas industriais e laboratórios mundo afora.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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