É possível ser vegano sem gastar muito dinheiro?

Essa ideia de que para ser vegano é preciso se alimentar de forma sofisticada e ter dinheiro para isso é um grande mito

5 abr 2022 - 08h17
(atualizado às 11h47)
Foto: Vegano Periférico

Decidimos virar veganos quando tomamos consciência da forma com que os animais e os humanos são tratados na indústria, granjas e abatedouros. Entretanto, estávamos inseridos dentro de uma realidade periférica, diferente da maior parte das pessoas que normalmente são veganas (classe média e com poder de compra). Mas, independente do nosso contexto, estávamos decididos em ter uma alimentação sem nada de origem animal.

Durante a nossa transição para uma alimentação sem carne, leite, ovos e derivados, não tínhamos acesso às alternativas industrializadas. Então a nossa opção foi consumir alimentos de verdade, como frutas, legumes, vegetais, grãos e cereais — e foi a melhor escolha que fizemos, pois, além de ser mais saudável, descobrimos que não precisa gastar um salário todo para comer. 

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Essa descoberta veio com a vivência, na prática. Nosso primeiro rango sem nada de origem animal foi bem simples: arroz, feijão, couve, salada de alface com tomate e suco de laranja; e isso foi o suficiente pra gente entender que não precisávamos de produtos caros e inacessíveis.

Passamos a questionar e trocar ideias sobre o consumismo vegano e o seu caráter elitista. Chegamos a conclusão de que a maior parte das pessoas que propagam o veganismo são de classe média alta e muitas vezes difundem o movimento de forma deslocada da nossa realidade, por isso somos condicionados a acreditar que precisamos de grana para ter uma alimentação vegana.

Com base na nossa realidade e bem informados, passamos a economizar e se alimentar muito melhor — além de aprender a fazer leites vegetais, hambúrgueres, bolo, pão caseiro e muito mais. Aprendemos com a vivência que não precisamos consumir aqueles leites vegetais que custam R$ 15,00 o litro, ou comer tofu e cogumelo todo dia.

Aliás, nunca compramos esses leites e queijos vegetais. Esses produtos são destinados a um público específico que pode pagar. Um leite de aveia caseiro custa em torno de R$ 2,00 o litro e é bem simples de fazer. 

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Foto: Vegano Periférico

Como qualquer alimentação, a vegana pode ser barata ou cara, tudo depende das nossas escolhas. Isso vale para qualquer tipo de alimentação, seja com ou sem alimentos de origem animal. Ou seja, é viável ser vegano mesmo inserido numa realidade periférica. Nós, só precisamos de informação e ter a nossa sobrevivência minimamente garantida.

Sabemos que atualmente está tudo mais caro e temos milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar. É sempre relevante levar isso em consideração ao se falar de veganismo na periferia, mesmo sabendo que uma alimentação vegana ainda é mais barata.

Uma coisa que descobrimos nesse tempo todo é que não precisamos viver da forma que nos foi condicionada, existe muito mais do que só aquilo que conhecemos. Ser curioso, atento e experimentar o novo, nos traz perspectivas incríveis.

Em relação ao veganismo, além de não contribuir para a exploração de bilhões de animais, podemos economizar, melhorar muito a nossa alimentação e ser muito mais saudáveis. Embora esse não seja o objetivo do movimento, é uma excelente consequência de se opor ao consumo de animais.

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Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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