Em quase todas as partes do Brasil, no domingo, as padarias expõem seus fornos com galinhas assadas, girando e girando, para serem servidas à mesa de famílias felizes. Em momentos comemorativos, sobretudo no fim de ano, os açougues ficam lotados, são toneladas de carne de animais que passaram suas vidas confinados, sendo tratados com o único intuito: a morte e a comercialização.
Qualquer refeição sem animais mortos ou derivados, parece que falta alguma coisa, não conseguimos ter uma refeição sequer sem carne, leite ou ovos. Nossa sociedade está completamente dependente e inserida nesse consumo de uma maneira bastante arraigada. Para muita gente, chega ser ofensivo falar em defesa dos animais utilizados na indústria alimentícia.
Enquanto você lê esse texto, tem milhares de animais sendo mortos mundo afora dentro de abatedouros fechados a sete chaves, longe dos olhos dos consumidores.
Será que é extremista se tornar vegano, e se opor a práticas tão cruéis e atualmente desnecessárias? Será mesmo que isso é extremismo?
Pessoas que estão realmente preocupadas com a vida dos animais, que se importam de fato com outros seres, acham um absurdo toda essa exploração, e optam por não consumir e não financiar isso, portanto, se tornam veganas, não tem nada de estranho ou absurdo nisso. Muito pelo contrário.
O absurdo e estranho, é não questionarmos a indústria da carne, do leite, da pele, do couro, que mantém animais confinados, tratados como coisa, e são mortos para servir uma parcela da população humana e gerar lucro para poucos. Mas essa inversão de valores, que coloca veganos como extremistas, diz muito sobre a nossa sociedade, nossos valores, cultura e tradição.
Não reproduzir o que todo mundo está reproduzindo (consumir animais), é uma forma de ser taxado de extremista, pois culturalmente é importante que todos reproduzam os mesmos comportamentos.
Se não concordamos com seres de outras espécies sendo criados para produzir leite, botar ovos, ou sendo abatidos com poucos anos de vida, para fornecerem seus pedaços para consumo humano. O mais adequado e coerente é não consumir nada de origem animal, certo? Então, onde está o extremismo?
O ideal seria consumir um pouco de ovos, um pouco de leite e comer carne às vezes? Só para agradar à cultura, ou qualquer outra coisa? 1 minúsculo pedaço de carne, já necessita de uma vida, meio copo de leite está intrinsecamente relacionado à exploração de vacas-leiteiras ou cabras.
E quem é vegano e tem consciência sobre toda a estrutura que envolve os animais, tende a ser ativista. Porque é fundamental a gente entender que os animais sofrem com esse sistema de exploração.
Não podemos achar isso normal. É importante considerar o veganismo como um movimento político, que está preocupado com a teia exploratória que envolve bilhões de seres sencientes não humanos.
Ser vegano não é um estilo de vida, uma filosofia, nada disso. É um posicionamento ético, político e consciente em prol de outras espécies que compartilham esse planeta com a gente. Não queremos impor absolutamente nada. Apenas somos vozes aos animais que não podem falar por si. E como somos seres racionais com uma comunicação complexa e bem desenvolvida, podemos dialogar e compreender que os animais são importantes por si e não como recurso.