Ontem, viralizou um vídeo em todas as plataformas digitais onde uma veterinária do Tocantins pisa na cara de um bezerro que já estava imobilizado e marca o rosto do animal com ferro quente, o número do candidato da extrema-direita que busca sua reeleição neste ano de 2022.
Esse vídeo chocou as pessoas e deixou muita gente revoltada. Fizeram petição para cassar o CRMV da médica e mobilizaram as redes para repudiar a atitude dela, e toda essa mobilização nos mostra que não podemos discordar da ira das pessoas perante tamanha violência e sadismo.
No entanto, na mesma semana, mais precisamente na última terça-feira (18) o programa de gastronomia, MasterChef Profissionais, exibido na TV Band e apresentado por Ana Paula Padrão, levou um porco morto inteiro para o programa, onde os concorrentes teriam que escolher, na hora, os pedaços que iam ser usados e dois açougueiros dividiram o animal e foram cortando as suas partes em rede nacional.
Gostaria de convidar o leitor a fazer um exercício de reflexão: se fosse um cachorro morto, pendurado e todo aberto de ponta-cabeça em rede nacional, será que não teríamos uma comoção e uma ira generalizada?
O que muita gente não sabe, é que os porcos possuem um mundo complexo de emoções, são racionais, compreendem a linguagem simbólica simples. Esses animais conseguem aprender combinações complexas de símbolos para ações e objetos, além de serem ótimos em cooperação e empatia.
A neurocientista por trás do estudo que revelou a incrível capacidade dos porcos, Lori Marino, que foi professora sênior na Emory University por 20 anos e afiliada ao corpo docente do Emory Center for Ethics, afirmou em uma entrevista para site Discovery News: "Nós temos mostrado que os porcos compartilham um número maior de capacidades cognitivas de outras espécies muito inteligentes como cachorros, chimpanzés, elefantes, golfinhos e até mesmo humanos. Eles quase não são considerados como bichos de estimação, mas são muito inteligente.’’
A análise, que reuniu dados de diversos estudos comportamentais de animais, afirma que geralmente os porcos são mais inteligentes e mais espertos que os cães, e, além disso, eles têm um nível de inteligência similar ao dos nossos parentes mais próximos, os chimpanzés.
Enquanto estávamos em família debatendo sobre o assunto, nossa tia (que é consumidora de carne de porco) falou que assistiu ao MasterChef, e disse ''Na hora do porquinho virei o rosto, porque não consegui ver o animal morto daquele jeito''. Ananda, a participante que ganhou a prova do porco, disse: ''Ver o bichinho ali inteiro é um pouco desnecessário, para mim, pelo menos, não queria ver não''.
Independente da forma que aquele porco foi criado ou abatido, com a quantidade ilimitada de informações e alternativas que temos hoje, não poderíamos olhar aquela situação com naturalidade.
Se não queremos ver o animal morto, e não toleramos assistir essas cenas, por que comemos esses animais? Mas vai muito além, porque mesmo que a gente não se importe com os animais, precisamos entender que eles também são seres sencientes e merecem ter seus direitos respeitados.
É preciso considerar que o bacon e a bisteca no nosso prato veio de um animal incrivelmente sensível e inteligente, que não queria nascer para morrer e virar comida. Já passou da hora de olharmos a produção de origem animal como ela realmente é, cercada de exploração, dor, sofrimento, aprisionamento, tortura e morte.
Pega Visão:
Para deixar ainda mais absurda a situação, na sequência da prova com o porco, o tema da prova de eliminação era o veganismo, sendo patrocinado por uma grande marca de produtos vegetais. A marca que prega o fim da exploração em suas publicidade e estética moderna, estava validando a romantização da exploração animal em rede nacional.
Por isso que afirmamos sempre que mais produtos vegetais industrializados não significa menos exploração animal.
Fonte: Publicação Científica International Journal of Comparative Psychology (https://escholarship.org/uc/item/8sx4s79c) 2015 Marinho, Lori ; Colvin, Cristina M