Não confunda veganismo periférico com gastronomia periférica

São dois movimentos fundamentais e importantes que, apesar de semelhantes, têm propostas diferentes.

27 fev 2023 - 05h00
Prato vegano
Prato vegano
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No Brasil, um movimento revolucionário de gastronomia periférica e popular vem ganhando força a cada dia. Chefes periféricos e periféricas apareceram na mídia, em programas renomados de gastronomia, entre diversos outros espaços, que há poucos anos eram exclusivos da elite.

A gastronomia popular vem tomando forma e dominando o cenário gastronômico brasileiro, isso é maravilhoso e extremamente necessário. Chefes da gastronomia popular aprimoram técnicas e se esforçam ao máximo para popularizar a gastronomia.

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Essa vertente da gastronomia mescla comunicação popular, valorização de hortas comunitárias e as PANCS (Plantas Alimentícias Não Convencionais), reaproveitamento de alimentos, receitas acessíveis, alimentos típicos e regionais, com técnicas sofisticadas de alta gastronomia.

O veganismo popular também fala de comunicação mais acessível, hortas comunitárias, alimentação saudável e em abundância para o povo, reaproveitamento e receitas acessíveis.

Horta Comunitária - Itajaí, Campinas.
Foto: Autoral

Porém, há uma grande diferença da gastronomia periférica e do veganismo popular periférico: no veganismo periférico falamos da importância da alimentação, mas não cozinhamos absolutamente nada de origem animal e temos os direitos animais como pauta. A gastronomia periférica de modo geral não tem essa proposta.

Recebemos diversos convites para dar entrevista com a proposta de falar de gastronomia, mas quando começamos a falar, tivemos uma abordagem ampla e pautamos os direitos humanos, direitos animais e meio ambiente, antes de abordar a alimentação em si, o que pegou o pessoal de surpresa. Pois os veículos de mídia esperavam que falássemos apenas de gastronomia. 

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O veganismo popular periférico tem como princípio central combater o descaso e a crueldade com os animais não humanos e colocar um fim nessa relação problemática (homem/animais), de forma popular e jamais negligenciando questões humanas. A gastronomia é uma arte, e o veganismo um ativismo.

Para tanto, agimos de maneira prática: não consumindo nenhum produto que explorou animais em algum processo de produção e evitamos ao máximo qualquer atividade que tratam outras espécies como se fossem coisas.

A alimentação é de fato a parte mais importante na luta contra a exploração animal, no entanto, ela é uma parte, apesar de expressiva, não é o todo. Porque como já mencionamos aqui, nenhuma indústria no mundo explora e mata mais animais do que a indústria de alimentos, são cerca de 75 bilhões de animais mortos por ano para consumo humano (sem considerar os animais marinhos, que passam dos trilhões). Justamente por isso, no veganismo, falamos tanto de alimentação.

A gastronomia periférica é muito importante e um fenômeno que só tende a crescer. Esse texto não tem o propósito de antagonizar os movimentos e muito menos julgar o certo ou o errado, mas sim de colocar cada um no seu lugar e facilitar a compreensão de quem está olhando de fora.

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Pega a visão:

A gastronomia periférica merece todo o holofote, merece toda a atenção, porque o que eles fazem é simplesmente revolucionário. E se um dia essa gastronomia for sem nada de origem animal, será a combinação perfeita.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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