Não é modismo: veganismo é sobre a crueldade contra animais

Um dos caminhos para o fim da exploração animal é um movimento que mostra o quão acessível pode ser um estilo de vida sem exploração animal

25 ago 2022 - 05h00
O prato mais popular no Brasil é vegano
O prato mais popular no Brasil é vegano
Foto: Vegano Periférico

Vamos esquecer esse veganismo romântico, essas fotos bonitas de blogueiras e blogueiros, esse glamour todo sobre o movimento vegano. Vamos deixar isso de lado e pensar na indústria que aprisiona, esquarteja e vende animais inocentes como produtos e representa 99% de tudo que consumimos de origem animal.

Quando deixamos de consumir produtos de origem animal não foi por uma onda, modismo, graça ou frescura. A nossa mudança foi com base num sentimento profundo de justiça, por conta de todo sofrimento causado a bilhões de animais anualmente.

Publicidade

Deixamos de consumir produtos de origem animal porque não concordamos com a violência e a tortura desenfreada dentro dos abatedouros, fazendas industriais, granjas, laboratórios, entre diversos outros lugares que usam e abusam dos bichos.

Não conseguimos aceitar que um animal inocente é assassinado e esquartejado para comermos um pedaço dele e achar isso normal, não faz o menor sentido para nós, poderia fazer sentido há 200 anos, onde a oferta de alimentos era escassa, mas hoje não.

Para o veganismo o mais importante é não perder o foco e o objetivo central, acabar com a exploração animal e, por extensão, suas consequências. No entanto, o veganismo caiu num lugar que não é positivo para o movimento, que é o glamour, um movimento elitizado, voltado para a comercialização de produtos caros e ‘’sustentáveis’’, produtos em sua maioria direcionados a uma classe que tem tempo e dinheiro.

Esse é o veganismo que aparece na mídia e que permeia o imaginário da maior parte da população. Por isso é tão comum a gente escutar: ‘’é impossível ser vegano’’, ‘’isso é muito caro’’, ‘’eu vi que aquela atriz lá da Globo é vegana, mas ela pode, ela é rica’’. Parece até que o veganismo é uma religião, algo destinado a pessoas mais evoluídas. Porém, tudo isso não passa de estereótipo, que prejudica a libertação animal.

Publicidade

Mas o fundamental é as pessoas começarem a associar veganismo com fim da exploração animal, com alimentação realmente sustentável que vem da agricultura familiar, que sustenta realmente a população, precisamos começar a associar o movimento vegano com uma sustentabilidade menos maquiada e mais original.

O veganismo que acreditamos é acessível, popular e vai na contramão desse veganismo midiático e é o oposto dessa bolha focada em consumo e status.

O veganismo popular tem como base promover o fim da exploração animal alinhado à justiça social, pois ignorar a questão social é dar voz a elite e individualizar a luta, o que é totalmente impopular. Além disso, pessoas que propagam o veganismo popular se posicionam totalmente contra as políticas do atual Governo, que vai na direção oposta de tudo que o veganismo popular acredita.

Pega a visão:

Falar em acessibilidade em um país tão desigual é muito difícil. Mais da metade da população brasileira não faz nem 3 refeições ao dia, isso é profundamente grave e necessita de um posicionamento e comprometimento. 

Precisamos politizar o veganismo, e mostrar que é impossível lutar pela libertação animal dentro de um cenário de fome, miséria e desigualdade. Toda luta precisa estar alinhada, o povo precisa ser soberano. Não há libertação animal sem libertação humana.

Publicidade
Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
Fique por dentro das principais notícias
Ativar notificações