O movimento vegano sem o povo é uma luta sem expressão

Esse papo de veganismo caro e elitista não está com nada. É possível ser vegano sem gastar muito.

17 ago 2023 - 16h17
Foto: CanvaPro

Quando o movimento pelos direitos dos animais surgiu, sua maior adesão ocorreu entre as classes médias e altas, tanto no Brasil quanto na Inglaterra, onde o termo e a causa ganharam relevância.

Atualmente, o movimento vegano e a defesa dos direitos animais, que considera outras espécies merecedoras de respeito e cuidado, vem atingindo com muita força outras classes sociais.

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Ser vegano não tem relação com classe social, o veganismo é, sem dúvida, uma forma de se posicionar frente à crueldade animal, se opondo e colocando em prática uma alternativa a essa utilização e exploração dos animais.

No entanto, qualquer tópico abordado dentro do sistema capitalista, ou em outra sociedade com profunda desigualdade, é compreendido de maneiras distintas por cada grupo, organização e indivíduos.

O que dificulta o interesse e o ímpeto da maior parte da população por diversos assuntos, como política, estilo de vida e movimentos sociais, é a propagação de informação, recursos, acesso, educação e a própria cultura. E sabemos que dentro deste sistema econômico os assuntos chegam para as pessoas de formas completamente distintas e atinge cada grupo de uma forma.

Justamente por isso, é preciso uma mudança estrutural, para que o povo tenha total acesso à educação, a alimentação de qualidade e a boas informações. Porque enquanto o povo não tiver o mínimo, a luta será somente pela sobrevivência e nada mais. Uma pessoa com fome, não vai pensar em animais, meio ambiente, a não ser em um prato de comida para si e sua família.

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Com o avanço da internet e algumas melhorias sociais, tem sido possível observar um número crescente de veganos em periferias. O assunto sobre alimentação vegetariana e sobre o estilo de vida vegano não é algo completamente distante como já foi há um tempo. Mas ainda não é o ideal.

A população no geral precisa entender que a luta do movimento vegano é pela proteção dos animais, e que para ser vegano não precisa de nada específico como roupas veganas, ou uma alimentação chique, com comidas excêntricas e mirabolantes.

Sem a maioria da população, sem a voz e a ação de 90% dos brasileiros e brasileiras, é impossível qualquer mudança significativa e profunda. Não adianta o movimento vegano ficar somente nas classes altas, é importante atingir todas as classes sociais, para que o movimento tenha força e expressão.

O veganismo é um movimento extremamente forte, potente, necessário lutando por uma causa digna. No entanto, o povo precisa estar instruído, informado e disposto para fazerem mudanças conscientes em seu estilo de vida e hábitos alimentares. Desse modo, podemos criar uma cultura que não esteja pautada pela relação especistas para com os animais, mas sim uma relação justa e respeitosa.

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Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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