O que a indústria do leite não quer que você saiba

A indústria animal nos engana, nos manipula e nos educa a consumir produtos repletos de crueldade.

1 mar 2023 - 05h00
Confinamento em massa de vacas leiteiras
Confinamento em massa de vacas leiteiras
Foto: CanvaPro

O mundo atual é dominado pela narrativa da publicidade, somos diariamente condicionados por meio de propagandas de todos os tipos. No ramo alimentício, somos enganados pelas embalagens com imagens de animais felizes, sorridentes e livres no campo.

A publicidade é a forma mais fácil de nos manter consumindo determinados alimentos sem questionar, e a indústria animal usa e abusa dessa prática. Ao pensar numa caixinha de leite, a imagem que vem à cabeça é de vacas saudáveis e livres num campo esverdeado.

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Essa imagem é apenas na caixinha, pois a indústria do leite, por exemplo, esconde da maior parte da população a criação, o tratamento e as condutas dentro das fazendas. Os animais são completamente usados e ao fim do ciclo são descartados como se não fossem seres vivos.

Algumas práticas comuns na indústria leiteira que muitos não sabem: 

  • As vacas ficam confinadas em baias, e os cuidados são pensando apenas na produtividade e não no bem-estar do animal.
  • Por conta da seleção genética as vacas sofrem com constantes infecções, entre elas a mastite (infecção do úbere da glândula mamária), e consomem quantidades enormes de antibióticos devido a isso.
  • As vacas produzem leite pelo mesmo motivo que as mães humanas, para alimentar seus filhos, por isso precisam estar gravidas para produzir leite, como essa produção não acontece de forma natural, elas precisam de inseminação artificial constantemente.
  • O bezerro (que deveria se alimentar e viver a sua vida de forma natural) ou é vendido, ou vira carne de vitela, ou é simplesmente abatido (nenhuma fazenda tem a pretensão de criar um animal que não é ‘’bom’’ para carne e nem dá leite). Se nascer fêmea vai virar uma máquina de produção de leite como a mãe. O destino dos animais na indústria é sempre o pior.
Bezerro se alimentando
Foto: CanvaPro

O bezerro é separado da sua mãe logo que ele nasce, pois o leite deve ir para o consumidor humano e não para ele (como deveria ser). O laço materno é a conexão mais forte que existe no mundo dos mamíferos, nada supera essa relação. No entanto, a indústria do leite apesar de tentar dar um jeito para não prejudicar o seu ''produto'' ela desconsidera por completo essa necessidade tão básica e fundamental.

É comum alimentarem a ideia de se produzir leite em menor escala e de forma familiar. Porém, em um mundo globalizado, com bilhões de consumidores, é impossível manter uma produção de leite de forma manual e caseira. 

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As máquinas e o confinamento que causam tanto estresse e sofrimento são a forma mais eficaz na produção para fornecer lácteos ao mundo todo. Não é por puro sadismo que a indústria do produz seus produtos de maneira tão cruel, essa indústria cresceu de forma tão rápida, que o sofrimento animal se tornou um padrão incontestável e inevitável.

Produção industrial de leite
Foto: CanvaPro

Vale ressaltar que práticas de maus-tratos são comuns tanto na agroindústria familiar quanto nas grandes fazendas. Mas mesmo com tanta informação as pessoas continuam tomando leite e utilizando produtos lácteos, pois não enxergam a exploração por trás de uma simples caixinha de leite.

‘’Eu ainda tomo leite porque não matam a vaca e o leite sai naturalmente dos tetos delas’’. Se engana quem pensa que a vaca não morre. Em condições naturais, uma vaca viveria em média 20 anos, já na indústria para a produção do leite, as vacas vivem em média de 4 a 6 anos.

Após esse ciclo, elas são vendidas ao açougue, ou para a indústria de ultraprocessados, e vai ser misturado com outros restos e sobra e virar embutido como linguiça, salsicha, mortadela.

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Se pararmos para pensar, tomar leite, e comprar produtos derivados do leite é contribuir mais com a exploração animal do que simplesmente comer carne. Isso porque a vaca-leiteira é explorada até chegar a exaustão (durante 6 anos), e depois virar carne do mesmo jeito.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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