O veganismo é um movimento elitista ou apenas mal propagado?

Existe uma grande diferença em algo ser de fato elitista, e ser difundido de maneira elitista. Com o veganismo não é diferente.

14 set 2023 - 10h21
Foto: CanvaPro

O veganismo em si não é elitista, em sua essência é uma causa simples e está dentro da realidade da maior parte da população. Parar de financiar a exploração animal está ao alcance da maioria, é bem mais barato em todos os sentidos e não é um bicho de sete cabeças.

A imagem de elitizada do veganismo, se deve ao fato de as classes mais abastadas possuírem dificuldades para dialogar com a camada mais importante da sociedade.

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Além disso, as marcas colocam produtos com selo vegano no supermercado, direcionando para um público específico, e com isso ele está sendo totalmente despolitizado, e visto apenas como uma opção de consumo cara e inacessível. 

Infelizmente, tudo dentro desse sistema vira mercadoria e associamos os preços de alguns produtos de grandes marcas diretamente com o veganismo. O que é um grande equívoco!

Não é incomum pessoas olharem para um hambúrguer vegano ou leite vegetal no supermercado e falar ''nossa, como é caro ser vegano'', e automaticamente associar o veganismo ao consumo de produtos caros.

Como as grandes indústrias são detentoras da maioria dos recursos disponíveis, fica fácil colocar outdoors, comerciais em horário nobre da televisão, e até financiar matérias em telejornais para divulgar seus produtos sem nada de origem animal. E essa é a imagem que a maioria recebe, esse é um dos únicos diálogos que o povo tem com o veganismo. 

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E a grande maioria que tem esse contato enviesado por produtos inacessíveis e caríssimos, tem o contato que passa por celebridades exibindo pratos exóticos, e práticas inviáveis e distantes do cotidiano da maioria que pega 2 ônibus por dia, trabalha por um salário mínimo e mal consegue pagar as próprias contas.

Assim, o veganismo é entendido e assimilado como um estilo de vida de pessoas com tempo, recurso e dinheiro. E que estão mais preocupadas com o próximo produto vegano que será lançado no mercado, geralmente por uma grande marca que explora milhares de animais e humanos.

Por isso, reduzir o veganismo apenas a celebridades, misticismo e produtos caros é um grande problema, porque fica na superfície das questões debatidas, além de passar uma imagem equivocada do que realmente é não consumir produtos de origem animal, e se opor de forma ética e política a atividades que exploram animais.

Pega a visão:

No veganismo, de modo geral, existe muito mais do que embalagens e preços nos supermercados, muito mais do que algumas personalidades que se dizem veganas, e muito mais do que fotos no Instagram.

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Aqui no portal, temos a oportunidade de expor diversas perspectivas em relação ao veganismo e em nossas plataformas digitais sempre mostrando que o veganismo pode ser simples, prático e acessível, tudo depende de quem o pratica.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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