Osasco não fez o maior cachorro-quente do Brasil

Cidade do interior paulista ultrapassou em 13 metros, um mês antes, o recorde da “capital do cachorro-quente”

9 set 2024 - 07h52
Resumo
Empresa que atestou os recordes de Osasco não considerou o cachorro-quente de Votuporanga porque sua metodologia de certificação não foi aplicada. Ação promocional da TV Tem, afiliada da Globo, transmitiu a produção do lanche de 75 metros na cidade do interior paulista. Osasco também não está no Guinness, embora tenha havido ao menos uma tentativa.
Apresentador Marcos Paiva, da TV Tem, afiliada da Rede Globo, em Votuporanga, medindo o cachorro-quente de 75 metros.
Apresentador Marcos Paiva, da TV Tem, afiliada da Rede Globo, em Votuporanga, medindo o cachorro-quente de 75 metros.
Foto: Arquivo pessoal

Em fevereiro de 2024, a Cidade de Osasco, conhecida como “capital do cachorro-quente”, divulgou oficialmente que havia batido seu próprio recorde, estabelecido no ano anterior, fazendo um cachorro-quente de 62 metros. Seria o maior do Brasil.

Porém, a cidade de Votuporanga, no interior paulista, havia feito um cachorro-quente 13 metros maior, menos de um mês antes. Com 75 metros, a produção do lanche foi transmitida pelo programa Revista de Sábado, da TV Tem, afiliada da Rede Globo.

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Era uma homenagem ao apresentador Marcos Paiva, natural de Votuporanga e fã de cachorro-quente. Ele completava dez anos apresentando o Revista. A produção do lanche envolveu a prefeitura da cidade e comerciantes locais, além da TV Tem.

“Um supermercado da região parou a padaria para produzir as baguetes, que foram emendadas. A galera começou montar quatro e meia da manhã”. Além dos ingredientes tradicionais, o cachorro-quente da região Noroeste paulista inclui carne moída. “É bairrista mesmo”, diz Paiva.

Detalhe da medição do cachorro-quente de Votuporanga, interior paulista. 75 metros são 13 a mais do que o de Osasco.
Foto: Divulgação

Recorde de Votuporanga não foi certificado

“A gente sabia que Osasco ia fazer, mas não queremos polemizar, o certo seria certificar”, diz o apresentador. Existem empresas especializadas em atestar recordes, como a Rank Brasil, que certificou os recordes de Osasco em 2023 e 2024.

Paiva conta que os organizadores do cachorro-quente de Votuporanga chegaram a pensar em registrar o recorde no Guinness World Records, mas os custos eram altos. “Foi atestado do nosso jeito: catamos uma trena, botamos na ponta, medimos, constatamos que batemos o recorde”.

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A prefeitura de Osasco admite que sabia do cachorro-quente de 75 metros feitos em Votuporanga. Mas explica que, além da certificação, “foram usados apenas pães com mais de 11 metros de cumprimento, feito em forno especial, enquanto na cidade de Votuporanga, foram utilizados mais de 140 pães do tipo baguete”.

Calçadão de Osasco. Cachorro-quente com 62 metros, e maior distribuição do Brasil: 7,4 mil lanches
Foto: Divulgação

Como funciona a certificação do recorde?

Embora a Rank Brasil informe que realiza “pesquisa” para “verificar se o seu pedido se trata de um novo recorde ou superação de uma categoria já existente”, ela não considerou o cachorro-quente produzido em Votuporanga.

Elisangela Arruda, analista de informações da Rank Brasil, explica que a empresa “só reconhece recordes que foram oficialmente solicitados, avaliados e fiscalizados conforme seu regulamento”.

Além de certificar o recorde de maior cachorro-quente em Osasco, a Rank Brasil atestou a maior distribuição do lanche na cidade. Em 24 de fevereiro de 2024, foram distribuídos 7.042 cachorros-quentes.

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A certificação da Rank Brasil leva em conta metodologia própria e não compara recordes que não tenham sido verificados pela empresa
Foto: Divulgação

Osasco nunca esteve no Guinness

Atrativo turístico e atividade econômica importante, a produção de cachorro-quente é levada a sério em Osasco. A sequência de barracas do lanche no calçadão do centro é um dos locais mais conhecidos da cidade.

Há um histórico de eventos gastronômicos em torno do cachorro-quente, como a produção do maior do Brasil e, em 2023, o lanche se tornou Patrimônio Cultural e Imaterial Osasquense.

Porém, o cachorro-quente de Osasco nunca entrou para o Guinness World Records. A prefeitura afirma que nunca teve interesse, pelo alto custo.

Na página oficial do Guinness, o recorde de maior cachorro-quente é paraguaio, com 203,80 metros, obtido em 2011. Consta também o maior enfileiramento de cachorros-quentes do mundo, com 10 mil lanches, medido no México, em 2018.

Cachorro-quente de 62 metros de comprimento feito em Osasco equivale a 992 cachorros-quentes de tamanho padrão.
Foto: Divulgação

Publicitário tentou colocar Osasco no Guinness

Há uma década, estava consolidada a ideia de que Osasco era a “capital do cachorro-quente”. Após festivais gastronômicos, visitas de presidentes e até a proposta de um parque temático, o publicitário Marcos Mello tentou colocar a cidade no Guinness World Records.

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A proposta é de 2014. Custaria R$ 80 mil. Aconteceu ao menos um encontro com dois representantes do Guinness, em 2015. O publicitário diz ter procurado patrocinadores, mas precisava do apoio da prefeitura.

Reunião com representantes do Guinness em 2015. Tentativa foi do publicitário Marcos Mello, à direita.
Foto: Arquivo pessoal

A atual administração não teria se interessado. “Nunca mais me procuraram. Eu não desisti, estou esperando até hoje a resposta”, diz Mello.

“Desconhecemos essa informação”, afirma a prefeitura. “Não temos, nem sequer recebemos nenhuma proposta ou projeto relacionados a esse tema”, informa nota oficial.

Fonte: Visão do Corre
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