Pelos animais: O veganismo não é uma religião ou seita

A ideia de que o veganismo seja uma religião ou uma seita está atrelada ao preconceito e a falta de conhecimento.

9 set 2022 - 16h10
(atualizado às 16h10)
Foto: CanvaPro

Apesar de algumas religiões como o Rastafarianismo que é um movimento religioso judaico-cristão surgido na Jamaica e a Igreja Adventista do Sétimo Dia terem o veganismo ou vegetarianismo como parte dos seus costumes, o veganismo enquanto luta contra a exploração animal não tem relação nenhuma com a prática espiritual ou seita.

A falta de informação e o preconceito andam lado a lado. Qualquer pessoa com a mente aberta, mais interessada, consegue entender e diferenciar um movimento de extrema importância bem fundamentado, como é o veganismo, de uma ‘’religião’’ ou uma seita dogmática, completamente fora da realidade, que se baseiam em crenças metafísicas ou teorias da conspiração.

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Geralmente, seguidores de seitas ou religiões fundamentalistas buscam viver meio a par da sociedade, de maneira isolada e, principalmente, seguindo algum ‘’ser iluminado’’ (pastor/guru/padre), diferente do veganismo, que buscar ser o mais popular possível, e estar inserido na sociedade, dialogando com as pessoas, interagindo de forma clara e direta sem obscurantismo ou teorias infundadas.

Não há por parte, pelo menos da maioria, uma necessidade em fazer algo ‘’exclusivo’’, pois a nossa intenção é libertar os animais e conscientizar a população em relação à exploração deliberada contra seres de outras espécies. 

Nós que estamos na causa há um certo tempo, compreendemos o porquê as pessoas encaixam o veganismo numa bolha. É muito simples: a nossa sociedade não foi ensinada a pensar sobre a exploração animal, muito menos questionar o consumo baseado nessa exploração. 

A forma que muita gente tenta mostrar que isso está errado, pode soar como uma ‘’evangelização’’, e isso é um ponto a ser discutido, pois ele é crucial.

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De forma bem realista: dizemos que amamos os animais e os queremos protegidos, mas ao falar sobre como nos beneficiamos da exploração e da morte de animais, parece que os veganos são as piores pessoas do mundo.

O veganismo é um movimento pragmático, isso quer dizer que, ser vegano é ter uma postura prática frente aquilo que não concordamos.

Se não achamos justo explorar e matar animais, qual o sentido de nos beneficiarmos disso? A forma mais coerente e ética é não participar disso e dizer para as pessoas que os animais também precisam ser respeitados. 

Agora, isso precisa ser feito com muita sabedoria, pois estamos inseridos numa cultura que não permite muito espaço para esse tipo de reflexão.

Propagar o veganismo não é impor, não é se isolar e ignorar pessoas que ainda consomem produtos de origem animal. É preciso dialogar, se organizar, participar de rodas de conversas, escutar opiniões diferentes sobre como o ser humano enxerga os animais, entre uma série de atitudes que desmistifica o movimento e o tira desse lugar impopular que está hoje.

O movimento é amplo, existem diversas vertentes, e sim, há exageros, e até mesmo desprezo e contradições por parte de algumas pessoas. No entanto, é fundamental entender que isso é a exceção, e que a maioria dos veganos são pessoas com ótimas intenções, pessoas realistas que buscam por mudanças profundas na sociedade, sem misticismo, sem sensacionalismo e sem nenhuma superioridade.

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Se liga:

O texto não faz nenhuma crítica a religiões ou práticas espirituais. Temos nossas crenças e religiões e respeitamos absolutamente qualquer tipo de manifestação religiosa. 

Milhões de pessoas ainda comem animais e derivados porque elas foram ensinadas, educadas e estimuladas, não porque são pessoas ruins. A carne sempre foi um símbolo de poder e desde sempre trouxe um sentimento de ascensão social para as camadas mais sabotadas da sociedade. Nós mesmo levamos mais de 20 anos para entender isso.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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