Por que veganos fazem preparos parecidos com sabor de carne?

Veganos fazem preparos com sabor e textura de origem animal, sobretudo, por hábito e costume

23 jun 2022 - 05h00
(atualizado às 19h23)
Churrasco vegano
Churrasco vegano
Foto: Vegano Periférico

Muitas pessoas nos perguntam porque fazemos comidas parecidas com as de origem animal, outras nos criticam por isso, criam teorias, etc., mas a verdade é que não deixamos de consumir produtos de origem animal por conta do sabor, do gosto, da textura, ou por uma mera opção gastronômica, longe disso.

Nós gostávamos muito de carne, queijo, mortadela, presunto, ovos, passamos mais de 20 anos comendo todo tipo de produto animal, sem contar a alegria quando tinha churrasco. Gostávamos do sabor e da textura da carne, do queijo, e jamais deixaríamos de comer se não tivéssemos um propósito plenamente ético, moral e político.

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Passar décadas se alimentando de uma determinada maneira, faz com que isso se torne um hábito arraigado, e não seria diferente com o sabor e a textura de alimentos tão presentes no nosso dia a dia. Além disso, a comida tem forte conexão com a questão cultural, social e afetiva.

Justamente por conta desse costume e apego, buscamos reproduzir alimentos que lembram a textura, o sabor e o gosto de produtos de origem animal que resgata muitas vezes um sentimento em relação a um determinado preparo.

Não tem problema nenhum reproduzirmos alimentos parecidos com os de origem animal, não tem nada que nos impeça.

Hoje, reproduzimos alguns preparos com aparência, textura e sabor aproximado dos produtos de origem animal porque isso não nos incomoda nenhum pouco e, para nós, o importante é não ter restos de animais mortos.

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Deixamos de consumir produtos de origem animal porque não concordamos com a carnificina nos matadouros e a crueldade destinadas a animais sencientes e inocentes. Não queremos contribuir com a exploração animal, financiar a morte e o sofrimento de bilhões de animais assassinados todos anos para alimentar um capricho humano.

Após assimilar tanta informação sobre a indústria da carne, foi difícil continuar ignorando o que esse setor faz com os animais ao longo de anos, para gerar alguns pedaços de carne, que vão nos satisfazer por alguns minutos. Um detalhe importante, é que a carne só compõe 18% das calorias consumidas por humanos globalmente.

Para nós, não tem mais lógica esse consumo, pois, é desumano, cruel e desnecessário. Se não fosse o contato que tivemos com essa realidade, por documentários, artigos, vídeos, nós provavelmente estaríamos comendo produtos de origem animal até hoje sem nenhum questionamento.

Portanto, não importa se pessoas veganas buscam imitar os alimentos de origem animal, não há nenhum problema em comer uma salsicha vegana, fazer hambúrguer de soja, de lentilha, de grão-de-bico, fazer churrasco de soja defumada, tomar leite vegetal,  comer queijos feitos sem leite de vaca. 

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Independente do gosto ou textura, o que realmente importa é buscarmos refletir sobre a nossa alimentação baseada em animais e buscarmos uma forma de se alimentar que não interfira em suas vidas.

Se liga: 

É importante salientar, que precisamos aprender a comer mais alimentos ‘in natura’, mais vegetais, legumes, frutas, grãos e cereais. Precisamos desapegar da necessidade de sempre ter uma mistura ou coisas parecidas com carne.  Mas tudo é um processo. Embora gostemos de comer alguns rangos que ‘’imitam’’ produtos de origem animal, essa sem dúvida, não é a base da nossa alimentação. Esporadicamente fazemos alguns preparos que lembram alimentos de origem animal, porém, a base do rango é composta por arroz, feijão, legumes, vegetais e frutas.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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