Progresso: o mundo não vai virar vegano da noite para o dia 

Esquece quem acredita em uma mudança geral e da noite para o dia, isso para além de tudo, é impossível.

11 ago 2023 - 14h08
Foto: CanvaPro

Um argumento muito comum utilizado contra o veganismo é esse; ''mas se o mundo virar vegano da noite para o dia, animais vão invadir a cidade, vão invadir casas, não vai ter espaço para tantos animais livres''.

Até faz sentido se levarmos em consideração que só no Brasil tem 224,6 milhões de cabeças de gado, quase 1 bovino por pessoa. Porém, uma mudança e uma vida digna para os animais e para os seres humanos leva tempo, mudanças pequenas e ao longo de décadas, são pequenas conquistas, novas vozes, novas possibilidades.

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Essa ideia de que os animais vão invadir casas, que se o mundo todo virasse vegano da noite para o dia tudo seria um caos, é completamente fantasiosa. A mudança é gradual, isso significa que ao passo que as pessoas vão tomando consciência sobre a exploração animal, o consumo vai diminuindo e, consequentemente, a comercialização e a criação de animais em larga escala também.

Para haver essa mudança é necessário que se mude a cultura do consumo de animais e hábitos que estão intrinsecamente ligados à exploração animal.  Atualmente a nossa cultura é dependente de pedaços e derivados de animais, a maioria da população enxerga um pedaço de carne como um prêmio, e mudar isso é complexo.

Não se muda uma cultura, uma tradição da noite para o dia, mesmo que haja uma força política, comercial, leva tempo. A tradição e os costumes estão impregnados em cada um que compartilha uma existência social, por isso, é praticamente impossível remover isso da noite para o dia.

Tudo precisa ser pensado, comunicado, opções acessíveis precisam estar disponibilizadas, considerando a desigualdade social e regiões extremas. Mesmo a alimentação vegana, baseada essencialmente em vegetais, grãos, cereais e frutas, sendo super acessível, existe muita questão para além de uma simples mudança. 

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Além disso, se tiver um apoio governamental, subsídio na produção, no transporte e na comercialização pode ser ainda mais acessível.

O processo para implementar uma lei, por exemplo, leva tempo, até as pessoas entenderem que não se deve fumar em local fechado, e isso estar instalado na sociedade de forma natural leva décadas. Muitas pessoas que passaram a vida fumando em aviões, carro fechado, ônibus, entre outros espaços comuns sem ventilação, não entendem até hoje.

Ninguém acredita que o mundo vai mudar da noite para o dia, a maioria que luta por direitos iguais, por justiça social, climática e pelo direitos dos animais entende que a mudança é gradual e lenta, ainda mais porque é uma mudança feita contra um sistema preestabelecido, enraizado, e respaldado pela cultura.

É comum olhar para o mundo e pensar ''isso nunca vai mudar'', pode não ser da noite para o dia, e não vai ser, mas com certeza está mudando, e mesmo que a passos lentos, existe uma mudança acontecendo.

No sistema em que estamos inseridos a realidade é como ele opera, e não como gostaríamos que ele fosse, porém, não somos obrigados a aceitar a lógica capitalista e baixar a guarda, se entregar e viver como se não houvesse outra alternativa. As mudanças existem, o mundo era muito mais cruel há 500 anos, apesar de pouca coisa ter mudado, já está melhor do que foi.

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Se liga:

Aqui estamos falando de pessoas em situação de fome, que não tem um real para comprar comida e se vê privado de se alimentar com o básico.

Caso você tenha uma situação que garanta a sua subsistência, e consegue compreender as questões que envolvem a produção e o consumo de carne, leite, ovos e derivados, não se acomode ou pense que isso nunca vai mudar, faça alguma coisa!

Evite consumir como uma forma de resposta a toda essa atrocidade que envolve criar, explorar e matar animais. Se você não concorda com essa indústria, se movimente, temos uma oportunidade apenas, a vida é única, e se os outros não fazem, não importa, você pode fazer.

Leonardo e Eduardo dos Santos são irmãos gêmeos, nascidos e criados na periferia de Campinas, interior de São Paulo. São midiativistas da Vegano Periférico, um movimento e coletivo que começou como uma conta do Instagram em outubro de 2017. Atuam pelos direitos humanos e direitos animais por meio da luta inclusiva e acessível, e nos seus canais de comunicação abordam temas como autonomia alimentar, reforma agrária, justiça social e meio ambiente.
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