Richard Rasmussen foi no Flow Podcast recentemente, e abriu uma discussão bastante pertinente, que gerou várias reflexões em relação ao consumo de carne nos moldes modernos.
Richard é conhecido por ser um biólogo das mídias, já fez programas na TV Record, tem canal no YouTube e é super ativo nas redes sociais de modo geral.
O biólogo já fez um grande desserviço ao falar sobre veganismo, tem diversos vídeos exaltando o consumo de carne, nos vídeos parece que ele quer demonstrar virilidade de alguma forma.
Em uma entrevista para o filho do Bolsonaro, Eduardo, o Richard faz uma série de apontamentos, como, por exemplo, pessoas que moram em apartamento nos grandes centros são desinformadas e não podem opinar, a natureza não é boazinha como queremos, é selvagem.
Esse argumento da natureza selvagem é bastante precário, pega aqueles mais desprevenidos, justificar o consumo de carne com o argumento ‘’o leão come a zebra sem pudor, é a lei da natureza, o mais forte come o mais fraco’’.
Mas esse argumento abre brechas para cometer diversos crimes, até mesmo contra animais domésticos, justificando que a natureza não é pacífica. Posso então pegar gatos, matar e comê-los? Posso comer, sair caçando cachorros, chutar, matar e comer? Não é tudo a natureza? Aqui você, leitor esperto, já entendeu o ponto.
Mas nesta entrevista ao Flow Podcast, o Richard não atacou o veganismo, embora não tenha elogiado também, mas fez um comentário sobre o consumo de carne. Ao entrar no assunto, ele menciona que deveríamos caçar para comer e não comprar carne no supermercado cortada, embalada.
Uma reflexão que ele trouxe importante é a da hipocrisia. Não podemos ser hipócritas e não mencionar o sofrimento animal e que terceirizamos a morte desses animais para o nosso consumo, é nesse momento que ele se chama de covarde e aponta que deveria caçar e não terceirizar o serviço.
Richard aos poucos vai entendendo que o consumo de animais pela nossa sociedade não é comparável ao consumo na selva, são coisas completamente diferentes. Nós consumimos animais por motivos diversos, cultura, sabor, hábito, demonstração de poder, prestígio, enfim, vai muito além do caráter nutricional e de um instinto de sobrevivência.
De fato, se existem populações que vivem em regiões sem grande diversidade de alimentos vegetais, com baixa capacidade de sobrevivência, e culturalmente essa comunidade tem a caça como meio de sobrevivência e consumo, é outra relação. Mas hoje em dia, mais de 84% da população se concentra em áreas urbanas.
No entanto, se assumir covarde e continuar comendo animais pode ser uma forma mais adequada do que simplesmente ignorar a realidade dos animais de abate, mas também não é o ideal.
Pois mesmo que concordamos que privilegiamos nosso paladar em detrimento do sofrimento animal, os animais estão sofrendo. Por isso, o nosso papel enquanto ativistas, é estar ativos e mostrar que todos os animais têm o direito à vida.
Como o próprio Richard diz, os animais devem ser respeitados, ter o direito a uma vida digna. Não podemos interferir e criá-los com o intuito de matar e comercializar.
O bem-estar animal não pode em hipótese alguma ser visto apenas do ponto de vista da indústria, mas da perspectiva do próprio animal, como um ser com direitos, diferente dos nossos por motivos óbvios, mas com direitos básicos, de não sofrer e ser morto de maneira prematura para ter seus pedaços usados por populações humanas.